Tenho perdido bastante tempo a reflectir neste fenómeno actual que se chama “Futebol de Formação” até porque sou um dos responsáveis de um Clube que reconhecidamente é um exemplo nacional nesta matéria mas… Será mesmo que estamos a formar  jogadores de futebol ou estaremos desde tenra idade a robotizar crianças que gostam de jogar futebol, aplicando métodos à imagem de modelos de treino e de jogo que se aplicam no futebol sénior profissional castrando deste modo toda a imaginação e irreverência das idades dos 6 aos 12 anos?

Não nos podemos esquecer que cada vez se pratica menos futebol de rua, como no meu tempo, e aí sim dava-se asas á criatividade e imaginação.

Presentemente as crianças iniciam o seu percurso no futebol em escolas de futebol em clubes ou academias porque, infelizmente, o desporto escolar é quase inexistente.

Pessoalmente acho que nestas idades as crianças deveriam ter a possibilidade de praticar vários desportos, o karaté, judo, atletismo, natação, andebol entre outros tantos e aos 12, 13 anos, aí sim, optar exclusivamente pelo futebol se assim o atleta entender e não os pais.

Não esqueçamos que se adquirem diversas aptidões e conhecimentos na prática de outras modalidades que futuramente serão muito benéficas na prática do futebol tal como, rapidez de execução e de pensar, mobilidade e velocidade entra outras.

Estamos desde muito cedo a estereotipar o futebol em geral.

Por outro lado a competição nesta idade não faz muito sentido, retirando o prazer que se pode retirar em praticar desporto.

Muitos atletas deixam o futebol após levar uma valente cabazada de uma equipa muito mais forte porque a criança foi humilhada e fica sem motivação para continuar.

Já há algum tempo apresentei à Associação de Futebol de Lisboa um projecto para estas idades em que o modelo de competição seria completamente alterado, isto é, deixariam de existir campeonatos com classificação como um modelo de seniores mas poder-se-iam fazer series tal e qual existem presentemente com a possibilidade de se jogar de 15 em 15 dias jogando mais que um jogo nesse dia e deixando livre alguns fins-de-semana para os pais e família poderem passear, descansar ou mesmo namorar. Não esqueçamos que os pais nestas idades rondam os 30 anos de idade e não deveriam abdicar da sua vida pessoal em função de um filho.

Acho que seria mais equilibrado este modelo, as famílias teriam mais tempo para desenvolver laços próprios e hábitos familiares.

Será este modelo existente no futebol de formação apropriado? Basta olhar para alguns países vizinhos da Europa e observar que a competição só começa por volta dos 14 anos.

Deixo esta reflexão no ar…