Há uma tendência crescente para desvalorizar o Bullying enquanto problema social, na medida em que sempre existiu e nunca ganhou a visibilidade que tem atualmente. De facto o Bullying não é um problema recente, sobretudo nas escolas, onde impera desde os mais remotos tempos. Em todas as turmas existe sempre o “caixa de óculos”, o “gordo”, a “perninhas de alicate” ou o “sorriso metálico”. E em todas as turmas existe sempre uma criança que sofre com essas alcunhas depreciativas que lhe associam uma má imagem numa idade em que a imagem é tão importante. Mas o Bullying é mais que uma alcunha, é uma perseguição repetida e sistemática contra alguém indefeso com o único intuito de intimidar.

Embora o Bullying sempre tenha existido, a consciencialização de que as perseguições exageradas ou mesmo as agressões físicas podem ser prejudiciais ao desenvolvimento saudável da criança, ganharam lugar. Uma criança vítima de Bullying vê a sua autoestima sempre reduzida e acaba por crescer com a ideia errónea de que é inferior aos demais, o que efetivamente não corresponde à realidade.

Algumas formas de Bullying prendem-se com os insultos, humilhação, ameaças, isolamento, chantagem, agressões físicas e criação do sentimento de vergonha na vítima. O Bullying pode ganhar proporções maiores se considerarmos que a juventude evoluiu e que as novas tecnologias fazem parte do quotidiano das crianças. A propagação de boatos ou fotos, publicações em redes sociais, SMS de carácter ofensivo, são a nova forma de Bullying. Para além das formas já mencionadas (agressões físicas, verbais, sociais e relacionais).

É importante ter em mente que se trata de crianças ou jovens cuja construção da identidade se encontra a definir, onde a opinião dos pares conta o dobro e onde a imagem pode marcar a diferença entre ser popular ou não, entre ser aceite ou rejeitado.

Quando o Bullying ganha proporções maiores e a criança não consegue extingui-lo ou lidar com o mesmo, pode acabar por adotar um comportamento de vitimização e submissão; pode entrar em estados depressivos inclusive com ideação suicida; ou revidar e tornar-se agressivo como forma de resposta à violência que lhe é exercida. Sim porque Bullying é violência.

Uma criança vítima de Bullying pode tornar-se uma vítima em idade adulta, tal como uma criança “bully” pode se tornar um agressor. A construção do carácter de ambos pode comprometer-se pela não deteção da propagação do Bullying.