Há mar e mar, há ir e voltar. Não me perguntem o porquê de abrir esta crónica assim porque nem eu próprio sei. Há porquês desconhecidos que por vezes esperam por nós sem qualquer fundamento lógico ou racional e, como simples e imperfeitos mortais que somos temos de acatar mesmo sem compreender. É a vida… É mesmo assim!

 Pois é. Mas a minha função aqui é caçar gambuzinos e cronicar já estão vossemecês a pensar. Sim eu sei que tudo são recordações, sim eu sei que é triste viver de ilusões, mas estas crónicas são fundamentais para o equilíbrio ecológico do planeta e, por isso, quer vocês queiram, quer não têm de ser publicadas sempre. Pois, estou a ficar meio choné já estarão a dizer. Pois, não é bem assim mas pronto estão no vosso inteiro direito para julgar que assim possa ser.

 Croniquemos então…

 Adoro fados, fadinhos, fadunchos! Apenas não gosto do triste fado cantado pelo Senhor dos Passos ao ouvido dos portugueses numa nota esquisita e que não aparece nas pautas musicais: Em cima de si sem dó. Assim, como amante do fado, e apenas do fado, porque nas outras questões sou muito fiel à minha querida Etelvina, peguei no Juquinha e fui até ao famoso Pavilhão Polivalente de Odivelas, que faz jus ao nome e serve mesmo para tudo, para ver a segunda eliminatória do X Concurso de Fado da Cidade de Odivelas. Bom, comecei logo por ser enganado mas sem direito a casar comigo. Afinal a segunda eliminatória era a primeira porque a primeira não tinha sido por falta de inscrições segundo alguém me disse.

 Fiquei surpreendido pelo facto do apresentador ser o senhor Jaime. Não que ele não seja um bom apresentador, porque é, pelo menos dizem que sim que cá o Zé só o viu naquela vez. Mas porque o senhor tinha sido o manda-chuva da Escola de Fado da Junta de Freguesia de Odivelas, no tempo do outro senhor, e as coisas não tinha corrido muito bem. Aliás quando o senhor se dirigiu a alguns fadistas no final das respetivas atuações para as perguntas da praxe o gelo até se sentia na sala. Foi cá cada arrepio. Mas tenho de dar os parabéns ao senhor apresentador pelo Fair Play (não sei se no fado se diz assim mas pelo menos sei que no futebol é e como também começa por F pode ser que dê). Cá o Zé não tinha lata de se apresentar em palco para apresentar os fadistas da escola depois do triste fado cantado às quartas-feiras durante quatro anos. Mas como a minha mãezinha sempre me disse, «Todos diferentes, todos iguais».

 Uma voz do além apresentou o apresentador. Não sei de quem era a voz mas acho que o senhor com aquele estilo faria uma boa carreira como vendedor de cobertores, edredões e afins na Feira de Odivelas. Sim têm razão a lei do ruído acabou com as camionetas dos vendedores e o senhor ficava desempregado.

 Mas, tirando estes peanuts até que as coisas correram bué da bem. Adorava ter a voz daqueles fadistas mas sinceramente com a voz que tenho só me safaria a cantar em filmes nos tempos do cinema mudo ou então como diria o saudoso Carlos Paião, em Play-Back. Há que diga que somos um país de poetas. O Zé acredita, somos mesmo. Também há quem diga que somos um país de fadistas. Se não acreditasse passava a acreditar, somos mesmo. Ah mas diz o Zé que também somos um país de músicos. Não acreditam, não? Então vejam os tempos de antena dos candidatos ao Parlamento Europeu para ver se eu não tenho razão. É cada concerto que até dói.

Tinha mais umas notas fadistas mas vou ter de mudar de pauta. Um dia destes, quem sabe, se não terei oportunidade de voltar ao assunto.

 Mudemos então…

 No sábado foi preciso os trabalhadores da Junta da União das Freguesias de Ramada e Caneças ir fazer umas coisitas na Aldeia da Roupa Branca e, embora agora o patrão seja o mesmo parece que ainda não é tudo uma equipa. Segundo um e-mail que mandaram ao Zé, no final do trabalho o senhor presidente foi ao café com os funcionários. Aos da Ramada pagou um bolito e um cafezito. Aos de Caneças não pagou nada. Bom o Zé sabe perfeitamente que cada um é senhor do seu dinheiro mas que caiu mal aos canecenses lá isso caiu. Faltou lá o Armindinho para salvar a coisa, diz o Zé e, se calhar, diz bem…

 Só mais uma coisinha antes de ir tomar um cafezinho… Um grande número de ruas do concelho de Odivelas fazem-me lembrar uma discoteca rasca. É verdade, a iluminação pública está sempre a apagar e acender. Cá o Zé não sabe se é poupança ou se é mesmo assim. Um electricista desempregado há 49 meses e meio disse-me que o problema é das lâmpadas já estarem cansadas e precisarem de ser substituídas. Será que tem razão?

 E agora sim, pausa para café. Para a semana volto, ou não.

 Gambuzino ao saco…

 Gambuzino ao saco…