Gerar um filho é sem dúvida uma das grandes etapas da vida de um indivíduo. É assumir a responsabilidade de ser tornar eternamente responsável por um outro ser, que é criado e educado inteiramente à nossa imagem, cujos princípios e valores a incutir devem ser os mais correctos, sem falhas. Ter um filho é sentir que deixamos a nossa independência e o nosso amor próprio de lado, para nos focarmos nesse bem maior que é o amor por um outro alguém.

Todo o processo moroso da gravidez não é mais que o tempo ideal de interiorização e aceitação da grande mudança que isso implica. Ser mãe ou pai, nem sempre corresponde à imagem romântica que vemos.

Implica sacrifícios, sofrimento, ansiedade e frustração. Do mesmo modo que é, além de um milagre da vida, a forma mais pura de amar alguém. Gratificante a vários níveis. Desde o momento em que vemos

aquele pequeno feijão a desenvolver-se até ao momento que sentimos os primeiros movimentos, desde o momento em que pegamos ao colo aquele pequeno ser e sentimos o calor da sua pele até ao momento que vemos esse mesmo ser reproduzir um outro ser. A evolução dos laços, a intensidade do sentimento e a eterna ligação tornam tudo ainda mais mágico.

E essa é a maior dádiva de todas, saber que a nossa família terá continuidade, que o nosso nome permanecerá em solo terrestre, mesmo quando voltarmos ao pó. Essa é a verdadeira forma de imortalidade: Saber que deixamos a nossa descendência.

No momento em que concebemos um filho, somos quase como que um pequeno Deus capaz de gerar milagres. Passamos a ser o centro do mundo daquele pequeno ser, que depende em exclusivo de nós e das nossas decisões acertadas. Os nossos passos precisam ser os mais ponderados possível para que também os seus passos o sejam. O sucesso e o fracasso desse novo ser, é responsabilidade única e exclusiva nossa. Qualquer erro na educação de um filho, pode custar o fracasso de toda a nossa descendência. E refiro-me apenas ao fracasso enquanto ser humano, portador de valores e princípios.

Ao termos um filho as prioridades mudam, as preocupações alteram-se, o coração passa a andar literalmente fora do peito. E a responsabilidade nunca tem fim, perpetua-se ao longo das gerações.