Câmara de Odivelas distingue mulheres pelo seu papel na sociedade e na promoção da igualdade de género

Ana Barros recebeu o prémio da sua mãe autarcas e instiuições marcaram presença Beatriz Tomás e Joana Barata Fernanda Moroso recebe o prémio  Público de pé na homenagem a Eduarda Barros Rita Lopes e Joana Barata

A Câmara Municipal de Odivelas atribui anualmente, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o prémio Beatriz Ângelo que distingue mulheres ou Instituições com ação de âmbito local ou nacional, que tenham destaque nos vários setores da sociedade e na promoção da igualdade de género. Nesta edição do prémio que foi entregue na terça-feira no auditório do Pavilhão Multiusos de Odivelas foram distinguidas Eduarda Barros (a título póstumo), Fernanda Moroso e Maria Helena Rodrigues.

Como em anos anteriores o auditório do Centro de Exposições de Odivelas foi o local escolhido para a entrega deste prémio. Na sala cheia encontravam-se o presidente e vereadores da Câmara Municipal de Odivelas; o presidente e deputados municipais da Assembleia Municipal de Odivelas; as deputadas na AR Sandra Pereira e Susana Amador; a diretora do Centro Distrital da Solidariedade e Segurança Social de Lisboa, Fernanda Fitas; os presidentes das juntas de Odivelas, Póvoa de Santo Adrião/Olival Basto; Pontinha/Famões e Ramada Caneças; o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Caneças; a Vice-Provedora da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Santo Adrião; o Presidente da EPADD da Paiã  e  representantes da Confederação Portuguesa das Coletividades Culturais Recreativas e Desportivas, GNR, União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR),  FERLAP e Comunidade Islâmica de Odivelas,

O evento abriu com duas brilhantes apresentações de professora e alunas do Conservatório de Música D. Dinis. Primeiro Rita Lopes (16 anos) em flauta transversal e depois Beatriz Tomás em violino, ambas acompanhadas pela professora Joana Barros.

De seguida usaram da palavra o presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins e o presidente da Assembleia Municipal de Odivelas, Miguel Cabrita.

«A igualdade de oportunidades e fator de desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equilibrada»

O edil lembrou que «A promoção da igualdade de oportunidades para todas e para todos constitui um fator preponderante para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equilibrada e, ao mesmo tempo, mais democratizada» considerando que «O Poder Local assume um papel substantivo, de relevo, e de influência através da introdução de medidas e da promoção de iniciativas estratégicas e estruturantes que permitam encetar, de facto, um combate às barreiras e às assimetrias ainda existentes, no que diz respeito às oportunidades, aos direitos e aos deveres, numa perspetiva humanista, ajustada à modernidade».

Mas, para Hugo Martins, «Não basta ficar por aqui! Além de todo o conjunto de medidas e de iniciativas que possam ser dinamizadas, importa também conceber outras formas de promover uma cidadania ativa e responsável que evidencie o importante e decisivo papel que as mulheres assumem na vida e nos diversos contextos da sociedade em que se encontram inseridas». Por isso «O Prémio Beatriz Ângelo, atribuído anualmente pela Câmara Municipal de Odivelas nesta data tão especial, onde é de igual forma assinalado o Dia Internacional da Mulher, assume-se como um desses momentos difusores dos Direitos Universais e de defesa da Democracia, da Liberdade e da Solidariedade».

Referindo-se às homenageadas desta edição o presidente da câmara disse: «A Dra. Maria Helena Rodrigues, a Dra. Fernanda Moroso e a Dra. Eduarda Barros constituem, sem dúvida, exemplos de extraordinárias mulheres que desenvolveram um papel preponderante e de excelência no desempenho das suas atividades profissionais, sociais e cívicas.

O seu autêntico espírito de missão, o seu reconhecido trabalho e visão estratégica ou os valores expressos na promoção da cidadania foram e são algumas das suas características predominantes e que resultaram em claro benefício da sociedade portuguesa e da comunidade local.

A Dra. Maria Helena Rodrigues detém um trajeto profissional de relevância e de luta constante pelos direitos dos trabalhadores, agora ainda de uma forma mais ativa, com o cargo de Presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Públicos (STE).

A nossa ilustre Dra. Fernanda Moroso que, além de Presidente da Sociedade Musical Odivelense, uma das instituições centenárias e mais emblemáticas do Concelho é, inequivocamente, uma Mulher com um significativo percurso associativo que muito contribui (e contribuiu) com a sua dedicação, empenho e persistência diárias para que os nossos cidadãos tenham acesso a mais e melhor cultura, atividades de lazer e, por conseguinte, melhor qualidade de vida.

A nossa saudosa Dra. Eduarda Barros, uma Mulher de afetos com uma incontestável capacidade humana, uma personalidade de elevado nível intelectual e profissional que, desde a criação do nosso Município, colaborou ativamente na sua construção e contribuiu para o seu desenvolvimento, com o espírito de coragem e de luta que sempre lhe foram e serão reconhecidos».

Para o autarca «Atribuir o Prémio Municipal Beatriz Ângelo é dar visibilidade e valorizar o papel preponderante das mulheres na comunidade. É promover a igualdade de género e o combate à exclusão. É procurar evidenciar os seus importantes contributos no desenvolvimento social e no crescimento económico, salientando o seu protagonismo e a sua decisiva participação na construção de uma sociedade mais justa e cada vez mais igualitária.

Estes são os principais propósitos que regem a atuação diária do Município de Odivelas mas estes desígnios devem mobilizar-nos a todas e a todos».

Hugo Martins defendeu que «Cada um de nós nas nossas ações diárias deve ser portador desta grande bandeira no combate contra as diferenças sociais, económicas, entre tantas outras, entre homens e mulheres. Para tal, compete-nos defender uma intervenção integrada nas várias esferas da sociedade, com vista à garantia da dignidade social e humana sem quaisquer estereótipos de género» e afirmou que «Temos sentido grandes mudanças estruturais à escala global mas estamos, no entanto, a atravessar um período de enorme crise de valores e de um claro retrocesso civilizacional a este nível. Por isso, mais do que nunca, torna-se deveras imprescindível impor os valores maiores da democracia, do pluralismo e da igualdade de oportunidades.

E este prémio é um pequeno passo para atingir essa tão ambicionada meta».

«O reconhecimento público do valor da igualdade»

Miguel Cabrita abriu a sua intervenção sublinhando «A importância e prioridade que o município de Odivelas reconhece às questões da igualdade entre homens e mulheres. Além dos projetos que desenvolve nesta área ao atribuir este prémio anualmente, o município afirma não apenas a relevância destas matérias; afirma também a relevância do empenhamento do poder local como agente institucional que tem um papel a desempenhar para dar destaque público e simbólico à luta pela criação de condições para que homens e mulheres estejam em posições igualitárias do ponto de vista da plena ativação dos seus direitos enquanto membros de uma sociedade democrática, plural, e igualitária».

Para o presidente da AMO «É esta a importância de gestos como a entrega deste prémio. Ainda que se trate de um galardão simbólico, é uma ocasião importante para reiterar:  o reconhecimento público do valor da igualdade;

O reconhecimento público do contributo das mulheres quer na comunidade local quer para a nossa sociedade em sentido mais amplo – um reconhecimento que, sendo maior do que foi no passado, infelizmente não é ainda pleno.

Mas, ao escolher o nome e o exemplo pioneiro de Beatriz Ângelo, reiterar o reconhecimento público também (e, talvez, acima de tudo) do valor da luta das próprias mulheres pela causa da igualdade, a causa de uma dignidade própria que sendo hoje de todas e todos, foi durante muito tempo uma luta de alguns, e de algumas. E que deu muito trabalho a conquistar».

Elogiando as atividades e o valor das homenageadas, Miguel Cabrita deixou «Uma referência especial ao prémio que é atribuído a título póstumo à Eduarda Barros. Como Presidente da Assembleia Municipal, mas também como amigo. É, aliás, a primeira vez na sua história que o prémio Beatriz Ângelo é atribuído a título póstumo, e não é por acaso que assim é.

Pelo percurso político da Eduarda, independentemente das questões partidárias, um caminho longo, rico, com tantas histórias (muitas por contar)».

Depois de enumerar os vários cargos e funções desempenhadas por Eduarda Barros, o presidente da AMO disse: «Talvez eu seja suspeito. Sê-lo-ei, certamente. Porque, como se perceberá das palavras que acabo de proferir, tive o gosto de, além de discutir e partilhar ideias e ideais com a Eduarda, conhecê-la, tornar-me amigo dela, ganhar um respeito imenso por todo o seu percurso. E pela dignidade com que viveu os momentos melhores e os momentos de maior dificuldade.

Permitam-me que o diga, estava escrito que a Eduarda Barros receberia um dia este prémio, a que esteve ligada na origem, que ajudou a criar, e de que foi sempre uma das grandes promotoras e defensoras.

A vida quis que este prémio, e o reconhecimento que ele encerra, tivesse chegado já a título póstumo. Mas nem por isso é menor o reconhecimento e menor a dívida coletiva que expressamos ao agraciá-la com esta, modesta, homenagem».

Depois das intervenções foram exibidos vídeos sobre cada uma das homenageadas e os membros do júri (Hugo Martins, Miguel Cabrita, Edgar Valles, Maria da Luz Nogueira e Sandra Pereira) procederam à entrega dos prémios a Maria Helena Rodrigues e Fernanda Moroso. O prémio de Eduarda Barros, num dos momentos mais emotivos da cerimónia, foi entregue à sua filha Ana Barros.

As Homenageadas

Eduarda Barros (a título póstumo)

Eduarda Frederica Correia Barros, nasceu a 3 de julho de 1953 e faleceu, vítima de doença prolongada, a 11 de fevereiro de 2015.

Licenciada, Mestre e Doutoranda, em Filosofia, lecionou na Escola Secundária de Odivelas, assim como, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Teve um vasto currículo profissional e de permanente participação cívica ao longo de toda a sua vida. Foi uma nobre autarca de referência do Concelho de Odivelas, tendo sido Deputada Municipal entre 2001 a 2005 e de 2009 até à data do seu desaparecimento, onde assumia a posição de líder de bancada pelo Partido Socialista. Ocupou, também, as funções de Presidente do Conselho de Administração da extinta Odivelgest, E.M., entre 2005 e 2007, e de Vereadora da Câmara Municipal de 2007 a 2009. Foi ainda a primeira Conselheira Municipal para a Igualdade.

Fernanda Moroso

Maria Fernanda Patrocínio Moroso, nasceu em Odivelas, a 20 Abril de 1962. A paixão pela História levou-a à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo-se licenciado em História. Em 2004, no âmbito do Mestrado em História Regional e Local, confrontada com a escolha do objeto de estudo para Seminários Teoria Geral do Património Cultural e Gestão do Património Cultural, elegeu a sua cidade, Odivelas. Do universo do património histórico e cultural de Odivelas, foi a Sociedade Musical Odivelense (SMO) que lhe suscitou especial interesse, por se tratar da instituição cultural mais antiga (criada em 1863), e por ter sido o espaço que, na sua infância, lhe abriu as portas para o fantástico mundo do cinema. Nas eleições de 2007, foi eleita Presidente da Direção da SMO, função que mantém até à data. Hoje as atividades regulares desenvolvidas (Banda, Grupo Coral, Escola de Música, Teatro e Ballet) envolvem cerca de 250 participantes.

Maria Helena Rodrigues

Maria Helena Correia da Silva Rodrigues, reside no Concelho de Odivelas desde 1972, ano em que iniciou a sua vida laboral, aos 18 anos, como ajudante de guarda-livros. Em 1973, ingressou na Administração Pública num organismo do Ministério da Justiça, na carreira técnico-profissional. Licenciada em Gestão de Empresas e diplomada em Administração e Políticas Públicas, desenvolveu a sua atividade profissional desde sempre sindicalizada. É desde 2013 Presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Públicos – STE, um dos sindicatos fundadores da Central Sindical – UGT. “Dá a cara” pelo STE e com outras organizações sindicais, senta-se à mesa das negociações com o Governo para discutir as questões que dizem respeito aos trabalhadores.