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Desde a sua criação que os Serviços Inter Municipais de Água e Resíduos de Loures e Odivelas desenvolveram uma política de investimento que pudesse inverter a situação dos últimos anos dos SMAS, entidade que até então tinha a responsabilidade na distribuição de água, saneamento e recolha de resíduos sólidos urbanos, e que levou a acentuada degradação na rede de distribuição no nosso concelho.

O Odivelas Notícias conversou com José Esteves, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Odivelas e representante do município no conselho de administração dos SIMAR para conhecer melhor o que está a ser feito no concelho de Odivelas no que se refere à rede de águas, área de gestão da sua responsabilidade.

Começámos pelo que está a ser feito atualmente e projetado para o futuro próximo. José Esteves dividiu a informação em duas áreas: As obras por empreitadas adjudicadas a empresas através de concurso e as obras feitas por administração direta com recursos dos funcionários e material dos serviços.

No que respeita às empreitadas foram divididas por freguesias.

Freguesia de Odivelas

Remodelação rede de abastecimento de água no Bairro dos Cágados num investimento de 120 mil euros. Começou em janeiro e José Esteves estima que termine em maio deste ano. Visa toda a rede do bairro «Que era uma rede muito envelhecida e de materiais que já se revelavam desadequados e que para além das roturas frequentes tinha também problemas na pressão da água por entupimento.

Ainda na freguesia de Odivelas «Já foi lançado também o procedimento para a elaboração do projeto para a substituição de toda a rede de abastecimento das zonas central e baixa da cidade. Tem havido algumas intervenções em vários locais, mas como sabemos a rede nestas zonas é muito antiga, com muitos problemas, com uma frequência de roturas cada vez maior e portanto, estamos a desenhar, digamos assim, para os próximos anos, num horizonte que irá até 2019 e em três fases com um investimento superior a um milhão de euros».

Freguesia de Caneças

Forte investimento com a construção do reservatório da zona baixa para substituir o antigo e que vai triplicar a capacidade de armazenamento de água. «Tomámos a decisão de para além do novo reservatório manter também o atual, quer depois do novo entrar em funcionamento vai ser recuperado o que permite aumentar a capacidade de armazenamento e suprir situações em que o novo tenha de ser objeto de intervenções de manutenção e de limpeza sem que haja interrupção no fornecimento. Assim não só mantemos a capacidade, porque o velho vai continuar a funcionar, como com  o novo triplica a capacidade no abastecimento de água a Caneças.

Está também já em fase final de construção a nova conduta de abastecimento entre o novo reservatório e a rede instalada a que chamamos a nova conduta da rua de S. José e que custará um pouco mais de 100 mil euros.

Vamos também fazer a ligação do reservatório da zona baixa da Amoreira ao novo reservatório de Caneças também para prevenir a necessidade de interrupções porque estando os dois reservatórios ligados através da nova conduta elevatória permite que em caso de termos de intervir num desses reservatórios o abastecimento fique assegurado pelo outro. Investimento de 620 mil euros. A adjudicação vai ser muito em breve e está em fase final do procedimento».

Também já foi adjudicada, ainda em Caneças, para fechar esta malha, a primeira fase da substituição da rede de abastecimento no centro da vila que vai ser feita em três fases. Esta primeira fase tem um custo superior a 310 mil euros e irá começar em breve. «As três fazes vão ser objeto de procedimentos autónomos porque cada uma das fases não deixará de trazer incómodos em termos de interrupção de fornecimento e obras nas vias com as intervenções no subsolo, para além de financeiramente ser insuportável para os SIMAR, porque para fazer tudo os mesmo tempo inviabilizávamos outros investimentos que temos de fazer noutros locais. O investimento estimado para as três fases será de milhão e meio de euros e a conclusão prevê-se até 2019».

Freguesia da Ramada

Já foi adjudicado o processo de execução para o novo reservatório dos Pedernais «Para também começarmos a intervir nesta zona da Ramada no sentido de reforçar a capacidade de armazenamento e distribuição de água»

Freguesia de Famões

Na alteração orçamental aprovada na última reunião do conselho de administração dos SIMAR foram inscritas verbas para dar início ao processo de substituição de condutas em Famões «Que é também uma situação de resolução urgente. Nesta primeira intervenção vamos gastar 120 mil euros, mas o total da obra de substituição das redes da zona baixa e central vai orçar cerca de um milhão de euros».

Administração direta

No que respeita às obras por administração direta já foram concluídas este ano, e outras estão a decorrer, algumas intervenções importantes feitas com os meios dos SIMAR.

«Uma delas foi a substituição da rede de distribuição de água na rua 1º de Maio na Serra da Luz, num troço de cerca de 540 mts que veio trazer uma melhoria significativa naquele local.

Tivemos também uma intervenção no Bairro do Barruncho, na freguesia da Póvoa de Santo Adrião que me deu prazer especial, até pela natureza social da zona que envolve, em articulação dos SIMAR com a Câmara Municipal de Odivelas. Num primeiro momento a CMO fez a limpeza da linha de água que atravessa o bairro, a Ribeira do Barruncho, e depois os SIMAR intervieram contruindo um troço de coletor, com cerca de 100 metros que permite que cada uma das famílias, individualmente, possa fazer a ligação das suas águas residuais aquele coletor que as levará para a rede de águas residuais domésticas que passa na rua Heróis de Chaimite.

Até aqui todas estas águas residuais, para além de andarem pelo bairro, iam desaguar na ribeira que estava permanentemente com resíduos domésticos com tudo o que isso envolve não só em termos de vegetação, mas também de roedores e outros animais e até de saúde pública».

Também foi feita uma substituição de um troço do coletor de águas residuais domésticas na rua Mestre de Avis, na Póvoa de Santo Adrião.

Em complemento da intervenção que está a ser feita no bairro dos Cágados, na freguesia de Odivelas, foi feito um prolongamento da rede de abastecimento na rua Guerra Junqueiro, à entrada do bairro.

«Neste momento estamos a fazer duas intervenções importantíssimas, uma no Olival Basto e outra no Casal Novo, ente Famões e Caneças, de setorização e segmentação da rede de abastecimento porque, quer num caso quer noutro tínhamos queixas, recorrentes e frequentes, de falta de pressão o que levava a que, em alguns locais houvesse alguma dificuldade em acionar os esquentadores. Tentámos perceber o que se passava e verificou-se que há uma parte que tem a ver com a rede predial e aí os SIMAR não podem intervir e tem de ser os proprietários promover a substituição dessa rede envelhecida, mas outra parte podia ser resolvida com a segmentação da rede que geraria ganhos de pressão, especialmente em algumas zonas mais altas.

Começamos no Olival Basto e os resultados que tivemos foram muito positivos em termos do retorno das pessoas e depois estendemos essa intervenção ao Casal Novo e apesar de ainda estarem a decorrer já se notam efeitos positivos pelo retorno que temos das pessoas».

Para além destas intervenções planeadas há também as intervenções pontuais resultantes das roturas na rede. Sempre que isso acontece os SIMAR aproveitam para renovar todo esse troço de rede.

Todas estas intervenções vão custar alguns milhões de euros aos SIMAR. Durante muitos anos os SMAS poucos investimentos fizeram na renovação das redes por falta de verbas. Impõe-se então perguntar de onde surge agora o dinheiro para todo este investimento.

«São números grandes e aos quais não estávamos habituados em termos de investimento quer na rede de abastecimento de água quer na rede de saneamento fora aquilo que está a acontecer na outra área de gestão dos SIMAR que é o investimento que está a ser feito na recolha de resíduos sólidos não apenas nas viaturas, mas também na melhoria dos circuitos. Penso que é visível hoje que, havendo ainda alguns problemas, fizemos uma evolução muito interessante naquilo que é a recolha de resíduos sólidos.

A ausência de investimento ao longo dos anos foi o que nos fez batalhar em Odivelas por uma de duas soluções: A primeira e a que sempre desejámos mais foi sempre esta. Quando pensámos nisto de forma racional tínhamos a noção de que os antigos SMAS estavam dimensionados para prestar serviço aos dois concelhos e aquilo que fazia sentido era que se criassem as condições para haver um entendimento entre os dois municípios que levasse a uma forma de administração conjunta dos serviços municipalizados que permitisse a Odivelas ter uma voz ativa, entre outras coisas, na definição nas políticas tarifárias e de investimentos.

Odivelas, enquanto concelho era um cliente incontornável dos serviços municipalizados. A população de Odivelas representa mais de 40% das receitas dos SIMAR agora e dos SMAS antigamente. Este volume de receitas não tinha retorno ao nível do investimento e da qualidade do serviço prestado no concelho e isso levou-nos a forçar uma solução deste problema que estava por resolver desde a criação do concelho.

A solução economicamente mais racional e a mais desejável era esta que se veio a concretizar. Infelizmente durante muito tempo isso não foi possível e tendo nós, município de Odivelas, as atribuições que a lei dá aos municípios ao nível do abastecimento de água, do saneamento e dos resíduos sólidos, de alguma forma Odivelas tinha de se encontrar uma solução para exercer essas competências.

Quando nos convencemos que a solução que mais desejávamos não era possível, passados tantos anos da criação do concelho, ponderámos uma outra situação. Felizmente, em tempo útil foi possível resolver a situação desta forma.

Não é uma questão de antes não haver dinheiro. É uma questão de com a participação de Odivelas na gestão e com a voz ativa que passou a ter na definição das políticas de investimento, passou a haver investimento, Não cometo a injustiça de dizer que antes não havia investimento mas não houve o que era necessário o que veio a agravar as necessidades de investimento futuro».

Como se vai financiar?

«Estes investimentos são feitos com os recursos dos SIMAR. Temos créditos, mas são coisas absolutamente normais. Não nos vamos financiar à banca para fazer estes investimentos que vão ser feitos com aquilo que são as estimativas de proveitos dos SIMAR. Obviamente que se surgirem oportunidades de financiamento por via de fundos comunitários não deixaremos de concorrer».

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