De 27 de fevereiro a 01 de março decorreu em Odivelas a II Semana Municipal da Proteção Civil, promovida pela Câmara Municipal de Odivelas, que este ano teve como tema Prevenção Rodoviária – Uma Sociedade Segura no âmbito das celebrações do Dia Internacional da Proteção Civil, que anualmente de celebra a 01 de Março, dia em que entrou em vigor a Constituição da Organização Internacional de Proteção Civil (OIPC), com sede em Genebra e 48 estados membros, entidade promotora deste dia. Várias iniciativas tiveram lugar nesta II Semana Municipal da Proteção Civil, com principal destaque para o Simulacro de Acidente Rodoviário que envolveu as três corporações de Bombeiros Voluntários do concelho de Odivelas.

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Os objetivos

Este simulacro, de iniciativa do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Odivelas, foi planeado e organizado pelos comandos dos três corpos de Bombeiros Voluntários do concelho: Caneças, Odivelas e Pontinha. Os objetivos definidos pelo SMPC foram: Testar o Plano Municipal de Emergência; Mobilizar os meios necessários para socorro das vítimas; criar um perímetro de segurança e montar um Centro de Triagem, que funcionou na tenda que o SMPC dispõe para esse efeito.
Os objetivos específicos dos bombeiros, segundo a Ordem de Operações, foram treinar e exercitar a operação em simultâneo de três equipas de salvamento e desencarceramento, em dois cenários distintos (autocarro e viatura ligeira); a capacidade de imobilização e extração das vítimas; a triagem e evacuação primária de um elevado número de vítimas; a organização de um teatro de operações em cenário multivitímas; a evolução do Sistema de Gestão de Operações e a manutenção da capacidade de controlo e a articulação ao nível do posto de Comando com os outros agentes de proteção Civil.

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As operações

Eram cerca das 14h30 de sábado, 01 de março de 2014, quando, no sentido descendente da Av. Dr. Augusto Pais Martins, nas Patameiras, freguesia de Odivelas, uma viatura ligeira mista (furgão) embateu no autocarro da Rodoviária de Lisboa onde viajavam 15 passageiros. Com o embate o autocarro despistou-se e caiu por uma ribanceira ficando imobilizado mas tombado lateralmente, na futura via de acesso a Famões. Na viatura ligeira seguiam dois passageiros que ficam feridos e dos 15 passageiros do autocarro 15 apresentam ferimentos de vários graus de gravidade e um morre.

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O Comandante de Operações de Socorro foi Carlos Dinis, Comandante Operacional Municipal e também comandante dos Bombeiros Voluntários de Odivelas e estiveram envolvidos 73 bombeiros e 22 viaturas das três corporações do concelho. Estiveram ainda envolvidos 8 elementos e 3 viaturas do SMPC e 8 homens e três viaturas da Polícia de Segurança pública. A Rodoviária de Lisboa participou com a cedência do autocarro utilizado.
Carlos DinisNo final do exercício Carlos Dinis explicou os objetivos do simulacro e a ordem de Operações. «Os três corpos de bombeiros praticaram as técnicas adequadas a este tipo de sinistro, sendo que, como costumo dizer, a realidade nunca é igual á ficção. Hoje sabíamos o que vínhamos fazer e os recursos usados já estavam preparados. Esperemos nunca ter uma situação destas num dia de trabalho às quatro da tarde, por exemplo, porque irá demorar mais um bocadinho e se calhar em vez de um morto teríamos de lamentar dois ou três, porque como sabem os bombeiros são voluntários, embora tenham uma componente profissional, nos momentos é que é necessário por vezes não conseguem responder porque os funcionários estão envolvidos noutras operações e serviços ligados ao socorro».
Questionado pelo Odivelas Notícias sobre possíveis diferenças se fosse uma situação real, Carlos Dinis explicou que «Se fosse a sério a intervenção inicial não teria a resposta tão imediata como nós desejávamos. Nós fizemos este exercício só com os três corpos de bombeiros do concelho e se fosse uma situação real recorreríamos à antiga zona operacional (que envolvia as 10 corporações dos concelhos de Loures e Odivelas) que são mais sete corpos de bombeiros que estão aqui ao nosso lado e recorreríamos, possivelmente, também à Amadora que está aqui muito perto. Numa situação real teríamos de imediato recorrer a essa ajuda». O Comandante Operacional Municipal destacou o facto de o exercício ter decorrido numa zona nova e com bons acessos onde, mesmo num dia de semana, nunca há trânsito em demasia ou muitas dificuldades de circulação para as viaturas dos bombeiros.

vereador edgar valesO vereador Edgar Valles, com o pelouro da Proteção Civil na Câmara Municipal de Odivelas agradeceu a colaboração de todas as entidades envolvidas: À Rodoviária de Lisboa pela cedência do autocarro, e, pelas presenças no exercício, ao comandante e  2º comandante Operacional Distrital de Lisboa, da Autoridade Nacional de Proteção Civil, respetivamente Carlos Mata e André Fernandes; aos observadores dos Serviços Municipais de Proteção Civil de Lisboa, Loures e Mafra; ao vereador da Proteção Civil de Lisboa, Carlos Castro e aos presidentes da Junta de Freguesia de Odivelas e da Junta da União das Freguesias da Pontinha e Famões, respetivamente Nuno Gaudêncio e Corália Rodrigues. O vereador endereçou ainda um agradecimento especial aos comandos e a todos os bombeiros das corporações do concelho envolvidas no simulacro.
Em entrevista exclusiva ao Odivelas Notícias dada no local do simulacro, Edgar Valles explicou que o SMPC pretendia com este simulacro «Testar a capacidade operacional dos nossos meios, nomeadamente das três corporações do concelho. Apesar de termos um Plano Municipal de Emergência aprovado e ativo este tipo de situação nunca tinha sido testada, e está prevista nesse plano». O vereador congratulou-se com o êxito desta iniciativa e sublinhou que «Só com estes simulacros é que podemos estar preparados para a eventualidade de haver necessidade de uma intervenção destas. Sei que todas as corporações têm exercícios para os quais é prática comum convidarem as corporações à volta mas um simulacro feito pelo SMPC que envolva os três corpos de bombeiros é a primeira vez».
Perguntámos ao vereador se acredita mesmo que um simulacro com um guião previamente definido e do conhecimento de todos os envolvidos serve mesmo para testar o que iria acontecer se fosse uma operação real, com todos os imprevistos e constrangimentos inerentes. Edgar Valles disse acreditar que sim «E sobretudo depois da situação de fogos florestais que tivemos este verão onde muito foi dito sobre a capacidade de resposta dos bombeiros e uma das coisas que se disse foi que os bombeiros que participaram nos combates não teriam formação suficiente. Falando com os bombeiros percebe-se que se não forem este tipo de simulacros que lhes permite testar a forma de atuação, não teriam essa formação, que de facto têm graças a este tipo de iniciativas».

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Comentário do Jornalista

Num simulacro deste tipo é sempre importante a presença de órgãos da comunicação social que possam transmitir aos seus leitores, espetadores ou ouvintes o que ali aconteceu, o que terá o valor de mostrar às pessoas a capacidade das forças da proteção civil na resposta necessária ao socorro de pessoas e bens. Para efetuar com qualidade esse trabalho precisam de uma certa liberdade de circulação e de trabalho, que nunca deverá colidir com a ação das forças de socorro.
Quer em situações reais ou simuladas o responsável, ou seja quem manda falando mais cruamente, é o elemento mais graduado dos bombeiros, presente em cada cenário de operação, mas há sempre quem pretenda meter o “bedelho” e puxar dos galões, que não tem, possivelmente para satisfazer a sua necessidade de protagonismo e mostrar uma importância que não tem.
É recorrente no concelho de Odivelas este meter de “bedelho” e mais uma vez aconteceu. Como profissional da informação e como ex-bombeiro voluntário (onde cheguei ao posto de subchefe) sei perfeitamente posicionar-me nestas situações e no caso presente, no local onde estava a fotografar estava com o consentimento do graduado dos bombeiros que me tinha dito para ali ficar.
Mas, uma funcionária do SMPC e um senhor assessor da senhora presidente da CMO sentiram a necessidade de me vir “puxar as orelhas” dizendo que não podia estar ali. Sublinho que não abandonei de imediato o serviço porque sou profissional e os leitores e os bombeiros não mereciam que o tivesse feito. Mas fica aqui o registo do incidente para que as pessoas “acordem” e tenham a noção das diferentes realidades.

Henrique Ribeiro

 reportagem