A 19 de abril de 2001 a Ramada foi elevada a vila. A 19 de abril de 2014, em Sessão Solene realizada na sede da Junta da União das Freguesias de Ramada e Caneças, foi assinado o 13º aniversário desta elevação. O evento contou com as habituais intervenções responsáveis autárquicos e representantes das forças políticas representadas na assembleia de freguesia, bem como com o soprar das velas, o cantar dos parabéns e o brinde a um futuro mais risonho do que o presente difícil que todos vivemos.

A mesa da cerimónia foi composta por Olga Taborda, secretária da mesa da assembleia de freguesia, em representação do seu presidente, Francisco Bartolomeu; Armindo Fernandes, substituto legal do presidente da junta e Paulo César Teixeira, vereador da Câmara Municipal de Odivelas, em representação da presidente do município, Susana Amador.

Entre a assistência estava a vereadora da CDU, Maria Da Luz Nogueira; o presidente da Junta de Freguesia de Odivelas, Nuno Gaudêncio; O representante do vereador Eddar Valles, João António; os presidentes das Associações de Bombeiros Voluntários de Caneças e Odivelas, respetivamente Domingos Tomé e Eugénio Marques; o 2º comandante dos Bombeiros Voluntários de Odivelas. Fernando Santos; o presidente da Sociedade Musical e Desportiva de Caneças, Rui Simões e presidente do Grupo Desportivo dos Bons Dias, António Nunes, para além do executivo da junta e de vários membros da assembleia de freguesia.

«Lutar pela reposição das freguesias»

A primeira intervenção coube Olga Taborda que considerou que «Todos os aniversários são únicos e têm qualquer coisa de relevante que os difere uns dos outros. Este aniversário da elevação de Ramada a vila é diferente e especial por duas razões completamente diferentes, diria até que antagónicas.

A Ramada, tal como o concelho de Odivelas são fruto do 25 de Abril e do poder local democrático, por isso das razões é o de ser comemorado no ano em que se comemoram os 40 anos do 25 de Abril.

A outra das razões é ser o primeiro aniversário da vila da Ramada comemorado após a extinção, ou se preferirem da agregação, da Ramada a Caneças».

A oradora sublinhou que, tal como foi prometido na campanha eleitoral, continuarão a ser comemoradas as efemérides especificas das duas freguesias e que continuará a luta pela reposição de todas as freguesias do concelho de Odivelas bem como pela defesa da regionalização como está determinado na Constituição.

«Os vinte e cinco anos de freguesia transformaram a Ramada»

Seguiu-se o período de intervenções dos representantes das várias bancadas da assembleia de freguesia. O primeiro a usar da palavra foi Luís Santos, do Bloco de Esquerda. Também este orador estabeleceu a ligação entre a comemoração do aniversário da vila da Ramada e os 40 anos do 25 de Abril. «Com a chegada da democracia ao poder local e o alargar das suas competências as populações passaram a ter mais e melhores serviços públicos de proximidade. Apesar disso, foram cometidos erros, que também afetaram a freguesia da Ramada», afirmou Luís Santos destacando a especulação urbanística das últimas décadas que classificou como «O calcanhar de Aquiles do poder autárquico democrático» dizendo ainda que «Num concelho que tem um PDM com vinte anos e que devia ter sido revisto há dez, a freguesia da Ramada não poderia ser uma exceção».

Para o orador os maus exemplos são flagrantes: «Da construção excessiva, às casas vazias; dos passeios vedados aos peões, à falta de estacionamento para tanto automóvel; da falta de transportes públicos, ao desaparecimento do tecido económico», mas nem tudo são más notícias «Basta lembrar uma freguesia descuidada, com poucos espaços públicos de qualidade e andar pelas ruas da Ramada hoje em dia. As mudanças são assinaláveis e dignas de uma palavra de elogio a todos e todas as que trabalharam e dirigiram a freguesia nestes 25 anos».

«A Ramada pode contar com o PSD»

Pelo Partido Social Democrata usou da palavra Olga Oliveira saudou todos os presentes e todos aqueles que ao longo dos 13 anos da vila da Ramada contribuíram para o seu progresso e evolução.

Para a oradora estas comemorações demonstram que «Esta freguesia se encontra viva, apesar dos exigentes desafios que todos sabemos que temos pela frente e que são a realidade do nosso dia-a-dia».

A representante do PSD afirmou que o seu partido «Tem trabalhado diariamente de forma a ultrapassar estes desafios, contribuindo na resolução das várias problemáticas existentes na freguesia da Ramada, a que a junta tem de dar resposta, através dos esforços da sua vogal, Cecília Martins, ficando bem patente o seu compromisso para com o poder local».

A oradora terminou com a certeza de que «Pugnaremos para que os interesses desta população sejam respeitados e que não se perca tudo aquilo que a freguesia adquiriu ao longo dos anos. Para isso têm os cidadãos da Ramada o compromisso do PSD de que tudo faremos para que a Ramada seja cada vez mais um bom lugar para se viver».

«Não está a ser um início de mandato brilhante»

Susana Santos, do Partido Socialista, considerou esta celebração importante porque «É fundamental manter e aprofundar aquilo que são as características e as tradições individuais de cada uma das freguesias que compõem esta união, uma união à força, como não nos cansamos de afirmar, uma união que não quisemos, uma união contra a qual lutámos arduamente, e o mesmo não podem afirmar todas forças políticas sentadas nesta sala e, sublinhe-se, no executivo da junta de freguesia». A este propósito a oradora citou Sophia de Mello Breyner: «As pessoas sensíveis não são capazes de matar galinhas, porém são capazes de comer galinhas».

A representante socialista afirmou que o seu partido, a segunda força mais votada, tem mantido uma atitude construtiva mas enérgica e interventiva e explicou que o PS se absteve na aprovação do Orçamento da freguesia para dar um voto de confiança neste primeiro ano de mandato, embora este não seja, de todo, o seu orçamento. «Neste primeiro ano de mandato quisemos perceber de que forma o executivo CDU/PSD vai respeitar os compromissos assumidos com os eleitores».

Susana Santos considerou que este não está a ser um início de mandato brilhante destacando e criticando o encerramento da Delegação dos Bons Dias, o facto de o executivo não responder às perguntas do PS sobre as medidas de poupança operacionais e a falta de transparência dando como exemplo o desconhecimento sobre quanto paga a junta por metro quadrado de zona verde em Caneças e na Ramada, deixando a esperança que que «Já na próxima assembleia de freguesia possamos ter essa resposta devidamente fundamentada».

A oradora falou também do país criticando as opções do Governo e enalteceu o trabalho da Câmara Municipal de Odivelas dando vários exemplos de opções sociais do município.

«A elevação a vila trouxe à Ramada um outro estatuto»

O espaço reservado aos partidos terminou com a intervenção de José Daniel Tomé, da Coligação Democrática Unitária, que considerou que a elevação a vila «Veio potenciar as características de uma freguesia, à data, ainda muito jovem, mas que já estava em grande desenvolvimento» destacou as virtudes da criação da freguesia, há 25 anos, em 25 de agosto de 1989, bem como as importantes virtualidades do poder local democrático. Para o orador a autonomia da Ramada tornou possível o desenvolvimento da freguesia nas mais diversas áreas e valências e a elevação a vila «Veio inequivocamente trazer à Ramada um outro estatuto, uma outra notoriedade». 

Relembrando os 40 anos do 25 de Abril e do 1º de maio, «Datas que se entranharam na alma do povo português» Daniel Tomé afirmou que dos célebres Três Dês do MFA ainda falta cumprir o desenvolvimento e que o poder local está «Perigosamente dilacerado», criticando a agregação das freguesias e sublinhando o «Estado a que este país foi conduzido».

O orador afirmou que «A CDU permanece, como sempre, fiel aos verdadeiros sentimentos do povo português, face aos ideais de Abril» e que «Só temos um único objetivo e uma única política: defender os ideais de Abril, consagrados na Constituição. Defender sempre o Povo e o País. Também nesta freguesia da Ramada assim temos procedido. Por isso, nestes anos de existência da Junta de Freguesia, a população tem-nos distinguido com a sua confiança, com o seu voto.

Assim continuaremos, sempre em ligação com a população, com o movimento associativo, com todas as chamadas forças vivas da freguesia, com o estrito objetivo de a servir cada vez melhor, com o lema que nos tem caracterizado desde a primeira hora: com Trabalho, Honestidade e Competência».

 Terminado o período de intervenção das forças políticas seguiram-se as os discursos das entidades autárquicas, o presidente em exercício da Junta da União das Freguesias de Ramada e Caneças , Armindo Fernandes e do vereador Paulo César Teixeira em representação da presidente da Câmara Municipal de Odivelas.

«Ramada/Caneças não foi um casamento natural»

O orador explicou a ausência do presidente da autarquia, Ilídio Ferreira, que se encontra nos Açores. Para Armindo Fernandes os aniversários como o que ali se celebrava, são «Datas que nos importa recordar e viver, transmitindo aos mais novos os contributos que os antepassados deram para a elevação da sua terra, esta freguesia da Ramada, à condição de vila». Desde a criação da freguesia, em 1989, a Ramada «Evoluiu em termos demográficos e em qualidade de vida» tendo criado as condições para que fosse reconhecida como vila a 19 de abril de 2001, estando hoje «Por força de uma reforma administrativa inacabada e nada consensual» agregada à freguesia de Caneças.

Armindo Fernandes sublinhou que, apesar respeitáveis e muito queridas, as duas populações «São muito diferentes na sua história, na sua cultura e nas suas tradições» considerando que, por isso, «Não foi um casamento natural, pelo contrário, foi forçado e levou-nos a tentar evitá-lo, bem como prometemos tudo fazer para que sejam repostos os anteriores limites e para que voltem às suas anteriores condições». O orador lembrou que em vários fóruns a CDU tem apresentado documentos para que a situação seja revertida e que o PCP está a preparar um conjunto de propostas para apresentar na Assembleia da República com vista a revogação da lei que agregou as freguesias.

O orador disse ainda que esta agregação obrigou a um trabalho intenso para que a autarquia pudesse funcionar de acordo com a lei sem que as populações de Caneças e da Ramada sentissem demasiado esta alteração legislativa.

Armindo Fernandes admitiu que se notem algumas alterações no comportamento da autarquia nos apoios a algumas instituições devido aos constrangimentos financeiros, bem como na manutenção dos espaços verdes. Ainda assim o orador garantiu que em todas as áreas podem continuar a contar com a autarquia dentro do que for possível.

A fechar a sua intervenção Armindo Fernandes sublinhou que «A Ramada é e continuará a ser uma vila com futuro, onde dá gosto viver, onde a sua população conta e pode continuar a contar com a sua autarquia para melhorar a qualidade de vida que é hoje um padrão de marca desta nossa terra».

«O poder local existe para servir as pessoas e cumprir o sonho de Abril»

A última intervenção coube ao vereador da Câmara Municipal de Odivelas, Paulo César Teixeira, que salientou a importância das comemorações da vila como um exercício de liberdade e de cidadania afirmando que o 25 de Abril precisa de continuidade e evolução constante. Para o orador as concelhos e as freguesias materializam-se nas suas forças vivas e o poder local existe para servir as pessoas e cumprir o sonho de Abril. Sem o poder local não há democracia efetiva, defendeu. O vereador agradeceu a presença das forças vivas da freguesia nesta cerimónia lembrando que essas instituições estão todos os dias ao serviço das populações. Falando da agregação das freguesias Paulo César disse que a lei é um documento político cego, que não beneficia ninguém.

O vereador felicitou a autarquia da Ramada por assinalar a data de elevação da vila assegurando que é importante que as entidades locais mantenham a tradição e continuem a assinalar as datas importantes para as duas freguesias, que têm realidades tão diferentes e manifestou a sua crença de que as agregações não durem muitos anos, afirmando também que a Câmara Municipal de Odivelas estará sempre com todas as iniciativas a favor da revogação desta Lei.

Todo o dia foi de festa

Depois das intervenções teve lugar o cantar dos parabéns a vila, o corte do bolo e um brinde pelo futuro.

As comemorações duraram todo o dia 19 de abril. A manhã começou no Externato Flor do Campo com a iniciativa A Ramada a Nadar e continuou com um Torneio de Chinquilho no Grupo Desportivo dos Bons Dias (Com os troféus a serem entregues na sessão solene a António Nunes). À tarde no Auditório Vasco Santana houve animação com todos os ginásios da freguesia da Ramada.

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