Então cá estamos mais uma vez com frio e molhaditos porque esta Prima Vera está doida e a chuva não pára de cair. Sinceramente que estou a ficar farto, mesmo farto. Qualquer dia sigo o conselho dos senhores governantes e emigro para um país tropical onde precisem de um experimentado caçador de gambuzinos. Pelo menos estava sempre mais quentinho.

Há uma semanas brinquei aqui nesta crónica com a frase Esco/utista inscrita na placa toponímica da Rotunda Baden Powell. Três leitores não gostaram da forma como tratei do assunto e na nossa página do Facebook lavraram os seus protestos, dois em forma de comentário e um em mensagem privada. Comecemos então pela mensagem.

Diz assim «A expressão “escoteiro” já existia na língua portuguesa, mesmo antes da fundação do Movimento Escotista por Lord Baden Powell, significando “viajante com pouca bagagem…”.
A grafia “escuteiro”, da palavra “escoteiro”, surge quase duas décadas depois da fundação da Associação dos Escoteiros de Portugal e da União dos Escoteiros do Brasil, como uma deturpação linguística, por fusão com a palavra “escuta”.
Agradeço que proceda ao devido pedido de desculpas a todos quantos foram ofendidos pela medíocre crónica publicada, por autor não identificado».

Caro leitor, agradeço a explicação que, reconheço, desconhecia. Não acho que aquilo que disse possa constituir ofensa a alguém. Se assim achasse certamente que não teria escrito porque o respeito pelos outros está sempre presente na minha vida. No entanto, se alguém se considerou ofendido é óbvio que lhe apresento as minhas desculpas. Quanto a ser uma crónica medíocre, tenho pena que quarenta anos depois do 25 de Abril ainda não se compreenda, ou não se queira compreender, este tipo de crónicas. Ah, e o autor está perfeitamente identificado.

Num comentário Carlos dos Reis, entre outras coisas, diz: «1- Em Portugal a palavra escoteiro surge por aquela que no presente se designa de Associação dos Escoteiros de Portugal e não Associação dos Escuteiros de Portugal. Não sendo a forma de escrita algo de relevante para os esco/uteiros, pretendeu-se com esta iniciativa fomentar a união entre todos aqueles que têm em Baden Powell como referência, pelos valores morais que a Organização Mundial do Movimento Escoteiro perfilha. (…) 4- As críticas pouco felizes dirigidas ao presidente da JFO e representantes da CMO, por me parecerem injustas, merecem-me um elogio quanto à humildade demonstrada pelos mesmos».

Caro leitor, tem todo o direito de pensar assim mas eu também tenho o direito a comentar da forma que melhor me parecer, desde que sem ofender ninguém, e que tenho a certeza que não ofendi.

João Leandro, que penso ser chefe do Grupo 19, da Pontinha, da Associação de Escoteiros de Portugal, disse: «Julgo que se deveria informar melhor sobre a origem das palavras, e sobre como é que elas surgiram em Portugal, sob pena de não fazer observações que só podem ser fruto do desconhecimento, e que acabam por levar a comentários menos felizes relativamente à motivação das mesmas».

Caro João. De facto poderá ser atribuído a desconhecimento o que disse e aceito a sua crítica apresentando desculpas pela incorrecção. Sem querer sacudir a água do capote, devo no entanto lembrar que esta crónica não pretende, não é, nem, nunca será, uma peça jornalística nem obedece, por isso, aos critérios de rigor do jornalismo. Penso que já o disse aqui mas voltarei a dizer. Com esta crónica pretende-se um texto descontraído, critico, satírico e bem-humorado mas nunca um peça jornalística.

Sim eu sei que já estão a dizer que falta uma resposta. Poderão pensar assim mas eu penso que há comentários que não merecem resposta. Não podemos criticar um erro usando de uma atitude pior do que aquela que criticamos. Portanto…

E, com estes necessários comentários quase que não tenho espaço para as caçadas desta semana mas, o que tem de ser tem muita força. Então gambuzinemos….

Tinha mesmo muita coisa para dizer mas para a semana também há crónica. Na Pontinha deu-se início oficial às comemorações dos 40 anos do 25 de Abril. Gostei de ver o mercado de levante de cara lavadinha, mas não achei muita piada aos painéis todos enrugados. A minha Etelvina já pensou em passar a ferro para fora por isso se quiserem ela vai lá “engomar” aquilo.

Confesso que esperava mais gente na cerimónia mas se calhar a malta pensou que era só a 30 de abril porque é isso que diz o folheto distribuído pelo município. Também estranhei não ver por lá uma manifestação dos vendedores habituais do mercado. Eh pá esta malta não sabe aproveitar as ocasiões. Faz falta uma comissão para convocar manifestações. Se baterem nessa porta aí em frente ao mercado é possível que encontrem quem vos explique a coisa.

Tenho mesmo de acabar mas não sem antes dizer que a organização pediu a cada um dos presidentes de junta que indicasse alguém para representar a freguesia lendo poesia de Abril. Três disseram presente. O quarto não tratou de nada e à última hora lá teve de ir a bombeira Paula Nunes apagar o fogo. O que vale é que ela é boa e está sempre em condições de dizer poesia.

E pronto, desta me vou. Volto para a semana, ou não.

Gambuzino ao saco… Gambuzino ao saco…