Não é novidade que no mundo do desporto, o futebol é a modalidade rei e aquela que concentra em si maior número de seguidores. Não estaria a exagerar se dissesse que em determinados jogos alguns países chegam mesmo a parar.

Para muitos adeptos o futebol é um passatempo, para outros um vício, em alguns condiciona o humor, noutros marca a euforia. De facto, enquanto se mantém dentro dos trâmites considerados normais, a rivalidade e competição entre clubes torna-se algo saudável e estimulante. O principal problema surge quando o desportivismo é ignorado e se parte para a violência entre adeptos, o que normalmente traz consequências ao clube.

Como é de conhecimento público de quatro em quatro anos a FIFA realiza uma competição a nível mundial que reúne várias seleções de futebol representativas de vários países. Estou portanto a falar do Mundial, que este ano se realiza no Brasil, a iniciar a 12 de Junho.

Uma competição deste nível implica pois, sem entrar em grandes detalhes, todo um investimento em estádios que reúnam as condições ideias, patrocínios e publicidade, condições de alojamento e assistência técnica, garantia das condições de segurança e toda a parte lúdica que é fundamental a um espetáculo desta envergadura.

É certo que traz benefícios como o aumento do afluxo de turistas/adeptos no país anfitrião, o que provoca uma dinâmica positiva na economia, através da circulação ativa do capital. No entanto, não se tratará de um presente envenenado?

Se tomarmos como exemplo o Euro 2004 realizado no nosso país, foram derrubados e erguidos estádios que naquele ano causaram de facto boa impressão e nos ergueram o orgulho em ser português, mas não alteraram em nada a economia atual. Na realidade vimos imensas falhas nos serviços de saúde emergirem, hospitais a encerrar, escolas em condições precárias, mas os gigantes de pedra mantêm-se.

Considero que existem prioridades maiores do que o investimento em estádios e em grandes competições. No caso particular do Brasil, torna-se irónico o contraste entre as favelas e os estádios. Acho que dispensa comentários.

Obviamente que também considero importante a existência de competições, pois é dos poucos momentos em que o povo português se une e o hino é cantado com sentimento, pelo orgulho lusitano. O futebol ainda é dos poucos prazeres que não nos foram retirados. Mas está na altura que começarmos a colocar a balança a uso, e pesarmos o que de facto é primordial na sociedade.