O cartaz possível em tempos de crise

Nos dias 12, 13 e 14 de setembro a vila de Caneças vai animar com mais uma edição do Festival da Sopa evento anual que vai já na XII edição e que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal e a Junta da União das Freguesias da Ramada e Caneças.

Depois de na edição 48 do Odivelas Notícias termos publicado uma entrevista com o vereador Edgar Valles, responsável pelo setor do Turismo da Câmara Municipal de Odivelas, sobre o festival, publicamos hoje a entrevista com Ilídio Ferreira, presidente da Junta da União das Freguesias de Ramada e Caneças, a outra entidade responsável pela realização deste evento.
O programa dos espetáculos é da responsabilidade da junta e por isso a primeira pergunta que se impunha era se os tempos de crise influenciaram a escolha desse programa. «É evidente que sim. Nós tivemos que ajustar as disponibilidades financeiras que tínhamos para esta realização com a escolha dos espetáculos. A nossa gestão procura ser realista. Não somos uma autarquia para fazer dívidas. Gostamos de fazer realizações que são importantes para o povo, como o Festival da Sopa que já se tornou como que o Ex-libris do concelho, mas só o fazemos dentro das nossas possibilidades. Tivemos o cuidado de não desprezar a qualidade mas ajustar à nossa capacidade financeira. Pensamos que apesar de tudo vamos ter uma boa festa que será do agrado dos canecenses e dos visitantes e que vai engrandecer a união de freguesias e o concelho».
Para Ilídio Ferreira o Festival da Sopa ultrapassou já as fronteiras da freguesia de Caneças e do próprio concelho de Odivelas sendo um evento conhecido na área da grande Lisboa com visitantes a chegar de quase todos os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. «Neste género não deve haver outro igual, com um fator muito importante que é a atitude saloia, ou seja o gosto das pessoas em estarem juntas, conviverem e discutirem, qualquer que seja a diferença conversarem. E, para nós é essencial manter as características da terra». O autarca lembrou que na campanha eleitoral foi prometido que no essencial nada iria mudar e é isso que está a ser feito, «Garantindo a continuação de tudo o que é importante para Caneças e para a Ramada. Não temos entrado em aventuras e temos procurado sempre consensos para que esta perturbação que o Governo quis fazer com as uniões de freguesias não tivesse efeitos na população. Creio que este festival demonstra essa nossa postura».
Quanto ao investimento total da União das Freguesias de Ramada e Caneças no Festival da Sopa, Ilídio Ferreira disse que os números totais ainda não estão apurados o que só acontecerá depois do evento mas garantiu que será inferior ao de anos anteriores porque «Os 120 mil euros que vamos receber a menos de transferências da Câmara Municipal de Odivelas e do Governo vão ter efeitos em toda a nossa atividade. É importante que a população perceba isso. A autarquia faz o que pode fazer com aquilo que tem. Se tem menos dinheiro tem de fazer menos. Vamos fazer a festa, vamos garantir sempre qualidade, vamos continuar a ajudar as instituições com as suas tasquinhas no festival, vamos manter as forças vivas em atividade, mas gastando o menos possível». O autarca disse também que tudo o que é possível fazer com os trabalhadores da junta está a ser feito.
Quando ao apoio logístico que ficou acordado a CMO prestar a estas festas, Ilídio Ferreira referiu que ainda na sexta-feira perguntou ao encarregado da junta qual tinha sido o pessoal enviado pelo município, nomeadamente electricistas, como tinha sido acordado «E a resposta foi: zero». O autarca defendeu que a CMO tem interesse em participar com outros meios para o festival. «Já que assume a parceria tem de o fazer em toda a sua extensão, não ser só folclore, que seja mesmo a sério. Nós temos muito gosto em que esta parceria se mantenha».
Tal como o fizemos a Edgar Valles também perguntámos a Ilídio Ferreira se concordaria com a mudança de local do Festival da Sopa para que o mesmo pudesse crescer numa área maior. O autarca canecense também defendeu a continuação do evento no Largo do Coreto. «Tirar o festival daquele local é matá-lo. Aquele local tem características únicas com a SMDC, o Coreto, a Igreja, os Bombeiros. Tudo isso faz parte da festa e a festa é ali e tudo farei para que seja sempre ali. Os espaços conquistam-se é preciso é haver imaginação. O jardim em frente a Rodoviária com o tempo pode-se reconverter e passar a ser ocupado também pela festa. O povo sabe ajustar-se às necessidades e com uma reconversão bem feita aquela centralidade pode ser mais alargada».

reportagem