Depois de uma seally season recheada de momentos tão caricatos como os cartazes do BE em resposta aos do PS, um Pontal destoado de azul e o aproveitamento político de Laura e Fernanda nas campanhas políticas dos candidatos Passos Coelho e Costa, tivemos finalmente momentos de conteúdo e discussão política nas Universidades. Hoje mesmo terá início a 2ª Edição da Escola de Quadros em Ofir, provavelmente por ter sido aí que Lucas Pires, líder depois de Freitas do Amaral, reuniu o seu núcleo duro. Entre 25 e 30 de Agosto realizou-se a “Summer Camp’15” dos jovens socialistas europeus em Santa Cruz, que contava com as presenças de peso de Manuel Alegre e Martin Schulz, Presidente do Parlamento Europeu, que acabou por não estar presente. A primeira nota é que nenhum dos candidatos socialistas à Presidência anunciados foi convidado o que me parece correcto na estratégia de Costa de impedir o contágio dos temas para as legislativas. A segunda nota é que Manuel Alegre já expressou o seu apoio público à candidata Maria de Belém, pelo que já foi nessa qualidade orador na YES Summer Camp, o que não deixa de ser curioso e acabou por contrariar a estratégia de Costa. A terceira e última nota é que Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS foi orador num painel cujo tema foi “Conhecimento e Futuro” e acabou por falar mais da necessidade de políticas financeiras rigorosas e sérias do que das suas investigações.

Quanto à Universidade de Verão da JSD, já habitual quartel general no Alto Alentejo, os nomes de peso foram Horta Osório, a 5ª personalidade mais poderosa do País, e Durão Barroso para falar sobre o que se passa com a Europa. A primeira nota é que à semelhança do PS, o PSD não quis convidar nenhum dos hipotéticos candidatos às Presidenciais, ainda tivesse que ser a primeira vez que Marcelo não fosse convidado. A segunda nota é que Carlos Coelho, Reitor da UV, ao convidar Durão Barroso acabou por convidar o nome que Passos Coelho desejava que fosse o próximo PR. É de recordar que em plena UV, o ex- Presidente da Comissão apelidou o americano Donald Trump e o italiano Beppe Grillo de “palhaços” pelas suas propostas para a União Europeia. A terceira e última nota é que Horta Osório já havia recusado ir à Universidade e que num momento crítico para a banca nacional o escolhido foi o banqueiro português melhor sucedido do Mundo. Foi um péssimo timing político. Em Política, o que hoje é amanhã pode já não ser e depois da crise do GES convidar um banqueiro a formar politicamente jovens que apoiam o Governo foi definitivamente má ideia. Apesar disso, Horta expressou publicamente o seu apoio a este Governo tendo naturalmente na qualidade de cidadão português direito a fazê-lo e anunciá-lo.

Começa hoje mesmo a rentrée política do CDS em Ofir (Esposende) no Distrito de Braga, subordinada ao tema “Ideias com Futuro” que vai contará com um único notável, António Lobo Xavier que irá abordar um tema histórico denominado de “De Ofir a Ofir: 30 anos”. Quanto a esta universidade política deixo uma única nota, parece-me feliz a iniciativa de recordar o Grupo de políticos de Portas, Lobo Xavier, Bagão Félix, Moura Ramos, Adelino Maltez e Vieira de Andrade que ensaiaram a transição para o liberalismo partidário apesar de não terem conseguido atingir o seu objectivo. Lucas Pires enquanto líder desejou tornar o CDS um Partido de Direita e liberal contra a formação do Bloco Central de Mário Soares e Mota Pinto, esse momento fez parte da identidade genética do CDS e não deve por isso ser esquecido. Até porque um Partido sem história será certamente um Partido sem Futuro.

Estas rentrées políticas são simultaneamente o regresso à ribalta das personalidades políticas escolhidas por cada um dos líderes dos seus Partidos. O problema dos socialistas é que António Costa deu um tiro no seu próprio pé e convidou Manuel Alegre e Carlos César em vez de Sampaio e Almeida Santos.

João Pedro Galhofo