Com a experiência de cerca de 40 anos no Desporto, bem cedo percebi que existiam padrões de comportamento diferenciados no acompanhamento dos Pais.
Escusado será dizer que esta relação será sempre uma relação difícil que coloca em confronto diferentes interesse: Pais/clubes. Portanto, uma relação difícil de gerir. Num encontro de futebol realizado há algumas semanas os dirigentes do clube,  após o jogo, convidaram-me para almoçar e um dos temas que veio á baila foi: Os pais.  Então esse digníssimo dirigente saiu-se com uma piada que nunca tinha ouvido: «Pior que pai de atleta, só mesmo pé de atleta». Risada geral.

O nosso ponto de vista era idêntico, a maioria dos pais colocam demasiada pressão nos filhos e isso é, sem dúvida, um motivo que condiciona o rendimento do filho ou do atleta.

Em muitos caso os pais transportam para os seus filhos as suas frustrações e sonhos não concretizados cobrando resultados e atuações nos jogos ou nos treinos como se de profissionais se tratasse não se importando minimamente com o bem estar e felicidade do  seu filho não falando já nas repercussões que estas situações têm no rendimento escolar.

No futebol a coisa complica-se… A maioria acha que o seu filho é um potencial Cristiano Ronaldo e que tem em mão um PPR para a reforma ou em muitos casos quando chegam a um clube de topo ainda menores de idade retiram benefícios monetários dos filhos chegando ao ridículo de viverem ás custas dos mesmos.
Que pobreza de espirito!

Alguns vão mais longe e retiram os filhos da escola e quando o sonho acaba ficam com uma mão cheia de nada!

Qual será o futuro deste adolescente sem formação e com os sonhos destruídos?

Criamos um cidadão revoltado, pouco formado e sem ferramentas para encarar no futuro o mercado de trabalho.

Será este o caminho ou temos em mão mais um problema cultural?

Mas nem tudo é mau meus amigos, também temos pais que colaboram com os clubes no transporte para os jogos da equipa do seu filho ou até aqueles que fazem de delegados e tratam de uma serie de problemas logísticos e administrativos libertando deste modo a equipa técnica para outras tarefas e alguns, poucos, que ficam no clube por paixão, continuando no clube após a saída do seu filho desempenhando por vezes cargos diretivos.
Há de tudo!

Segundo a minha teoria existem pelo menos três tipos de pais e respetivos  comportamentos no desporto. Não esqueçamos que é um  problema  transversal no desporto independentemente da modalidade praticada.

O primeiro, é o ausente, em que pouco ou nada acompanha o seu filho e o deposita literalmente no clube.  Pouco ou nada se importa com o que o seu filho faz. Este é o pai típico que o treinador ou o clube não conhece durante o decorrer da época desportiva achando que o clube é responsável pela educação do seu filho ou em casos mais graves os pais nem sabem que o seu filho pratica desporto deixando-os abandonados á sua sorte.

O despudor é tanto que nem se apercebem da falta dos filhos em casa ou nem se apercebem porque chegam a casa muito depois da regular saída da escola como todos os outros meninos. Lamentável, mas acontece muito mais do que pensamos.

Depois temos o pai treinador, que dá ordens contrárias às do treinador, confundindo o atleta, colocando-o mesmo numa posição incómoda de conflito de duas autoridades sabendo de antemão que fazendo o que fizer vai desagradar a uma destas partes. Erro de palmatória, o atleta tem sempre dificuldade em se impor devido á má influência do pai que critica constantemente a sua atuação ou até vai mais longe dizendo ao filho que ele deve é jogar no ataque e não na defesa.

Este tipo de pessoa tem tendência a confrontar o treinador e as suas opções colocando o filho numa situação difícil e complicada de gerir.
Os pais presentemente são a chave do sucesso se colaborarem com os clubes sem quererem interferir ou tirar proveito pessoal pela sua colaboração.

Existem e existirão sempre dois pontos de vista mas o bom senso terá de imperar a bem de todos e em particular dos atletas e do futuro dos mesmos!

O terceiro e último o pai presente que leva o filho aos treinos e jogos sempre que possível, não interfere nas decisões do treinador apoiando-o mesmo por vezes em situações delicadas.

Concilia a escola com o desporto.

Este é o pai conselheiro, amigo, presente e sobretudo psicólogo, encarando as opções técnicas de forma positiva.

Penso que a terceira hipótese será a mais sensata e pedagógica até porque todos nós sabemos que em cada 1000 atletas , apenas um atinge o sonho de ser jogador da bola.

Temos urgentemente de mudar de atitude e abrir os nossos horizontes, dando um olhinho lá fora aqui e ali para comparar mos e aferirmos se estamos ou não no caminho certo.

As mentalidades não se mudam de um dia para o outro mas alguma coisa vai ter de mudar.

Pensem nisto!