Numa altura em que as praxes são o tema que mais se discute, torna-se imperativo explicar para que servem na realidade as mesmas. As praxes académicas ou qualquer tipo de praxe, serve como impulsor para a integração do indivíduo no meio onde se insere, ou seja é uma forma de integrar o estudante na universidade que acaba de ingressar. Em muitos casos os estudantes vêm de outras cidades, e não têm amigos ou conhecidos, pelo que o envolvimento dos mesmos nas praxes lhes permite não só estabelecerem contacto com estudantes do seu curso, como de cursos diferentes ou estudantes veteranos. Este conhecimento travado entre estudantes pode constituir-se benéfico na partilha do conhecimento académico, de fontes a consultar, locais a visitar, ou outros contactos que podem facilitar a vida do estudante no seu percurso académico.

Um estudante caloiro sente-se muitas vezes perdido neste grande mundo universitário totalmente distinto da escola secundária. Não só o grau de exigência é superior como as referências se tornam essenciais para a integração. Por este motivo, o caloiro que participa nas praxes pode escolher um padrinho ou madrinha, normalmente do curso que frequenta, que lhe concede algum tipo de suporte ou apoio.

Teoricamente a existência de praxes académicas é no seu todo saudável ao estudante caloiro. O grande problema associado, é a forma como por vezes são conduzidas as praxes. “Caloiro é animal”, “Caloiro é escravo”, “Caloiro obedece”, entre muitas outras frases de sentido pejorativo são ecoadas ao mais alto som entre os veteranos da comissão de praxes. Os caloiros são em muitas circunstâncias humilhados e obrigados a fazer coisas degradantes ou contra a sua vontade. Existe uma certa pressão social para que adiram à praxe e se sujeitem para não serem excluídos. Esta pressão anda a par com o poder que muitas vezes os veteranos sentem sem na realidade o possuir. Ninguém pode obrigar um aluno a participar nas praxes académicas. O que muitas vezes acontece é a coação dos mesmos, é-lhes transmitido que sem serem praxados não podem trajar ou ir à bênção/queima das fitas, e por falta de conhecimento o caloiro submete-se a qualquer humilhação. Afinal qual o universitário que não quer trajar?

As praxes são uma boa forma de integração se se limitarem a pequenos jogos, pinturas na cara, gritos defendendo o curso/universidade, coisas saudáveis que promovam a união entre os alunos, e admito-o por experiência própria. Outro tipo de praxes que impliquem cortes de cabelo, retirar roupa, rastejar na rua, ficar sem comer, entre outras que prefiro nem mencionar, considero que deviam não só ser abolidas como revelam a falta de respeito entre os alunos.