No dia 19 de março a segunda mais antiga coletividade do concelho de Odivelas, a Sociedade Musical e Desportiva de Caneças, assinalou a passagem do seu 134º aniversário com a habitual Sessão Solene Comemorativa que teve lugar na sua sede e onde, para além dos habituais intervenções dos convidados, foram entregues os emblemas de 25, 50 e 75 anos de associado e prestada homenagem ao maestro da Banda Filarmónica da SMDC Carlos Alberto Gomes. A noite terminou com uma atuação da Banda Filarmónica e do Grupo Cénico Vocálise.

Na mesa de honra do evento estiveram o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Odivelas, Edgar Valles, em representação da presidente Susana Amador; Ilídio Ferreira, presidente da Junta da União das Freguesias de Ramada e Pontinha; o padre Fernando André; o vice-presidente da Associação de Futebol de Lisboa, Manuel Castelo, a representante da Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, Ema Borrego e o presidente da SMDC, Carlos Simões.
Entre os inúmeros convidados encontravam-se os vereadores da CMO Hugo Martins, Maria da Luz Nogueira, Mónica Vilarinho, Paulo César e Sandra Pereira; o vogal da União das Freguesias de Ramada e Caneças, Armindo Fernandes; o presidente da Assembleia da União das  Freguesias de Ramada e Caneças, Francisco Bartolomeu e Manuel Varela, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Caneças.

Rui Simões, presidente da SMDC foi o primeiro a usar da palavra e iniciou a sua intervenção lembrando aqueles que «Também dentro das maiores dificuldades, em 1880, levaram a cabo o projecto de se associarem e assim contribuírem para a realização dos sonhos culturais, recreativos e desportivos». O presidente da SMDC lembrou também «Todos os que, ao longo destes anos, foram mantendo a Sociedade Musical, o clube e mais tarde a Sociedade Musical e desportiva de Caneças. Foram muitos anos de trabalho louvável, que albergaram muitas alegrias e, por certo também, algumas tristezas, como tudo na vida».
O orador lembrou que em finais de 1999 quando começou a dirigir a SMCD foi apontada como prioridade as obras de manutenção da sede e no campo, «Ou seja, nas duas colectividades. Para os canecenses esta ideia de integração e união está enraizada à muito mas conhecemos bem a nossa génese. Para os distintos convidados e menos habituados a esta maneira de pensar, permitam-me que relembre sempre esta “realidade” das duas colectividades numa só».
Com muitas dificuldades a SMDC avançou com o arrelvamento do campo da Lapa que contou com a comparticipação de 30% por parte do município de Odivelas e também algumas ajudas da Junta de Freguesia de Caneças, da Associação de Futebol de Lisboa e der outras instituições. A obra ficou concluída em 2005.
Em 2008 a SMDC pensou em recuperar a sede que, segundo o orador, estava numa situação deplorável. «Mas, para a dimensão desta casa, acabámos por usufruir de um subsídio de 50& do valor que seria expectável para as necessidades. Como resultado, e quase ano e meio depois, ficámos com meia obra realizada, pois qualquer complemento a receber dos bancos era inviável visto estarmos ainda a pagar o empréstimo do campo».
Rui Simões afirmou que a0 longo dos últimos quatro anos «Temos feito sentir à senhora presidente da Câmara Municipal de Odivelas a situação de injustiça em que vivemos face aos outros clubes e às outras sociedade. Parece-nos que é chegada a hora de todos reconhecermos a realidade, que aliás, foi bastante falada na última campanha eleitoral.
Se é verdade que há bastante tempo temos trocado opiniões com o atual vice-presidente da câmara, Dr. Hugo Martins, também é verdade que temos falado bastante com os vereadores do Desporto e da Cultura. Façoi um apelo à vossa juventude, à vossa maneira diferente de encarar as desigualdades e à vossa vontade de estar na política corrigindo o que de errado está feito».
O presidente da SMDC justifica: «Falei em juventude visto que numa altura em que o movimento associativo cada vez de queixa mais da ausência e do interesse dos jovens na gestão das colectividades e dos clubes, nós estamos a formar uma direção, a eleger em maio, com quatro jovens num total de sete elementos» mas sublinha que «Para tomarmos posse nessa assembleia geral de maio, terá de haver condições para tal, o que não acontece neste momento. Temos consciência disso e no nosso concelho não queremos repetir o fim e o desaparecimento de clubes».
O orador disse ainda que «Até este momento ainda não me ouviram proferir a palavra que está mais na moda: Crise! Nós estamos sempre em crise. Nunca fomos financiados em qualquer obra a 100% porque estamos em crise, E a crise continuará eternamente a ser desculpa, se a confundirmos com o conceito de prioridade. Quem gere seja o que for tem de ter prioridades, se os recursos forem escassos. E, se nós não somos prioridade há uma série de anos, então estamos então estamos em crise».
Rui Simões manifestou a sua esperança de que «Este seja o primeiro ano da viragem. Pelas conversas que temos mantido com a autarquia poderemos colocar a SMDC nas prioridades. Terá de ser faseado, mas pela vontade que tenho sentido da parte dos vereadores da Cultura e do Desporto, do senhor vice-presidente e da própria presidente da câmara teremos que solucionar rapidamente o problema financeiro, caso contrário param o Desporto, a Cultura, e as atividades recreativas. Ficam os nossos jovens diretores sem compreender opções e fica a população empobrecida sem grande capacidade de escolha».
O presidente da SMDC agradeceu «A todos os que têm trabalhado em prol do clube, em situações difíceis, pois também eles acreditam que melhores dias chegarão em breve e que todo o diálogo com o município não tem sido em vão».
O discurso terminou com «Uma mensagem de esperança a todos os que têm financiado a SMDC em momentos difíceis, pois a esperança é a última a morrer e eu continuo a acreditar que é possível fazer o saneamento económico desde que nos deixem em condições de igualdade com todos os outros clubes do município. A todos os que fazem parte desta casa seja na área cultural, seja na área desportiva, ou mesmo nas várias comissões de festas, ficam aqui os nossos agradecimentos e também uma mensagem de confiança.
Finalmente aos nossos associados em geral os nossos agradecimentos pela grande compreensão que demonstraram perante as dificuldades».
O padre Fernando André foi o orador seguinte lembrando que 19 de março é também o dia do pai dirigindo parabéns a SMDC pelo trabalho que vem desenvolvendo.
Ema Borrego, representante da Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, também focou a sua intervenção nas dificuldades que as coletividades de todo o país atravessam sem que seja reconhecida a sua importância por quem governa o país.
Manuel Castelo, vice-presidente da Associação de Futebol de Lisboa sublinhou a importância da SMDC na formação dos jovens para o Desporto e para a vida.
Ilídio Ferreira, nos seus primeiros meses de mandato como presidente da Junta da União das Freguesias da Ramada e Caneças também referiu os tempos de crise e a importância da SMDC.
Edgar Valles, vereador da Cultura, considerou a SMDC uma referência histórica no concelho. «Hoje a SMDC é uma das mais reputadas e ativas coletividades do concelho de Odivelas com atividades que vão desde o desporto onde se destacam atividades como o andebol, o atletismo, o futebol e o futsal e a ginástica; à musica, com a banda filarmónica e o grupo Vocálise».
Edgar Vales admitiu que a Câmara Municipal de Odivelas está a acompanhar com preocupação a situação difícil que a SMDC atravessa, mas sublinhou que «Não nos podemos esquecer dos difíceis tempos que todos vivemos e aos quais a Câmara Municipal de Odivelas também não é alheia». O vereador lembrou que no mandato anterior a preocupação da CMO foi para com as instituições de carácter social referindo dos apoios dados.
«Ultrapassada esta questão há que tratar do nosso associativismo. A Câmara Municipal não pode, nem se irá alhear, das suas responsabilidades mas tudo terá de ser faseado e ajustado à nossa dura realidade. A Câmara Municipal de Odivelas reconhece e apoia o vosso trabalho mesmo com os atuais constrangimentos financeiros», disse Edgar Valles lembrando os apoios logísticos concedidos à SMDC em 2013.

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