Quando ouvimos falar em bairro social normalmente associamos a ideias como precariedade, delinquência e violência. De facto muitos bairros se tornaram “famosos” precisamente por serem detentores dessas características, havendo no entanto razões justificativas para tal e não podendo ser extensível aos demais bairros existentes.
O que a sociedade não explica é o porquê da existência deste tipo de bairros, que na prática são diferenciados dos restantes. A verdade é que a maioria destes bairros tem condições precárias e degradadas em termos de estrutura física, alberga indivíduos oriundos de diferentes comunidades étnicas e culturais, muitas em débil situação económica, o que se torna num ciclo vicioso sem término. A falta de recursos económicos e de satisfatórias condições de vida geram por vezes situações de revolta que vão desembocar em caminhos desviantes numa tentativa de superação das dificuldades. É por isso que muitas vezes o tráfico de droga se apresenta como uma escapatória a este tipo de vida ou até mesmo os furtos ou roubos, dado que os apoios sociais a estes indivíduos são escassos. Isto sucede porque a criação dos bairros sociais ao invés de findar a exclusão social, ainda contribui para o seu aumento. É como se estes indivíduos estivessem à margem da sociedade numa bolha (que é o bairro), embora as habitações sociais sejam detentoras de rendas mais baixas.
A sociedade e a política deveriam prestar maior atenção às dificuldades destes indivíduos em vez de contribuir para que sejam vistos como delinquentes ou mesmo marginais. Um olhar isento de preconceito consegue ver a união e solidariedade que existe entre estes indivíduos que se apoiam e protegem não permitindo a entrada de terceiros no seu bairro. A escola da rua ensina uma realidade mais dura e prepara os indivíduos para as injustiças da vida, não obrigatoriamente em marginais que roubam ou matam. É certo que existe violência, droga, armas, etc. Mas também é certo que são feitas diariamente chamadas de atenção aos problemas que estes indivíduos enfrentam, tomemos como exemplo o Hip Hop, que num país de poetas como o nosso surge como música de intervenção.
Lisboa em particular é detentora de diversos bairros sociais, que deveriam servir como apoio a quem necessita de habitação e não como forma de a excluir da sociedade lisboeta, colocando-os muitas vezes em zonas periféricas.