Engana-se quem pensa que a violência entre o casal só tem inicio após o casamento, na verdade os traços que evidenciam a propensão para a violência começam a ser identificados logo na fase do namoro. Muitos jovens tendem a não prestar atenção a estes sinais, arriscando dar continuidade a uma relação que supõem vir a amadurecer ao longo do tempo. O que na realidade não acontece de todo, muito pelo contrário, uma relação cujos pilares essenciais são violados diariamente em fase de namoro tem tendência para progredir e aumentar a periodicidade e intensidade da violência.
A violência no namoro, pode ocorrer de diferentes formas: física, quando o parceiro/a empurra, prende, dá murros, pontapés, ou atira objectos; sexual, quando o parceiro/a obriga a pratica de actos sexuais; verbal, quando o parceiro/a ofende, humilha, intimida, ameaça, ou grita; psicológica, quando o parceiro/a exerce controlo sobre a forma de vestir, a gestão do tempo livre, entra em contacto exageradamente, ou ameaça terminar a relação, como mera forma de manipulação; e social, quando o parceiro/a humilha ou envergonha o outro/a junto à sua família e amigos, e invade a privacidade através do acesso não autorizado ao telemóvel, e-mail, etc.
Em muitos namoros várias destas situações ocorrem de forma simultânea, o que contribui para a instabilidade da relação, através do exercício do poder de um sobre o outro, do controlo e humilhação.
Normalmente a vítima deste tipo de violência não consegue identificar de imediato que as situações que vivencia saem fora do considerado aceitável. Existe sempre a crença que a pessoa irá mudar, que não tem real intenção de magoar, há uma desculpabilização do comportamento através da justificação baseada no ciúme ou no sentimento que nutre, existe ainda sentimentos associados à vergonha, ao medo do parceiro, ao medo da solidão ou que a relação termine.
Numa relação a dois, sobretudo numa em que a violência exista é normal que a vítima se considere culpada, mesmo sem o ser. Nada justifica a violência, e se é possível colocar um fim a uma relação abusiva, antes que se torne “inevitável” (exemplo: torna-se mais complicado romper quando existe uma ligação através do casamento ou a presença de filhos) porque não o fazer?
Se há violência, não há respeito. Se não há respeito, não há amor. Valerá a pena manter uma relação sem amor?