3No dia 11 de fevereiro, no  Guildhall, em Londres, realizou-se a Conferência Histórica das Religiões Mundiais, promovida pela Comunidade Muçulmana Ahmadia no Reino Unido no âmbito das comemorações do seu centenário. O evento  contou com a presença de cerca de 500 delegados vindos de 25 países, entre os quais líderes religiosos, políticos, funcionários públicos, membros do corpo diplomático, académicos e representantes de diversas ONGs, e teve como tema “Deus no Século 21”. Ao Chefe Mundial e Quinto Sucessor da Comunidade Muçulmana Ahmadia, Hadrat Mirza Masroor Ahmad, coube o discurso principal.

Para além das presenças registadas  a conferência recebeu mensagens de boa vontade e de apoio da Rainha Elizabeth II, de Dalai Lama, do Primeiro-Ministro do Reino Unido, David Cameron, e vários outros dignitários. «Durante o evento os vários líderes religiosos ponderaram sobre o papel que a religião pode desempenhar no mundo de hoje e se a religião continua a ser uma força para o bem. O discurso principal proferido por Hadrat Mirza Masroor Ahmad procurou responder a essas perguntas à luz dos verdadeiros ensinamentos do Islão».

O Califa destacou que «Todas as grandes religiões do mundo na sua forma original ensinaram a adoração de Deus e o amor e compaixão para a humanidade». O líder da Ahmadia disse que «se estes ensinamentos originais fossem implementados hoje haveria uma sociedade harmoniosa, livre de conflitos e guerras», e condenou «Os governos de todo o mundo por priorizar a defesa e os investimentos militares em detrimento do bem-estar social e de projetos humanitários».

Falando sobre como o fundador do Islão, Hadrat Mirza Masroor Ahmad disse: «Quando o Sagrado Profeta (que a paz e as bênçãos estejam sobre ele), alcançou a vitória sobre os inimigos jurados do Islão, que no passado, tinham feito todos os esforços para destruir a religião, ele respondeu com a paz e perdão».

Hadrat Mirza Masroor Ahmad disse que não há contradição entre os ensinamentos pacíficos do Islão e o facto de que algumas guerras foram feitas durante os primeiros anos do Islão. Ele disse que essas guerras eram guerras defensivas, travadas não só para proteger o Islão, mas também para proteger as pessoas de todas as religiões.

Citando o exemplo da Batalha de Badr, onde 300 muçulmanos mal equipados derrotaram um exército muito mais forte composto por 1.000 soldados, Hadrat Mirza Masroor Ahmad disse: «Onde por um lado isso foi uma vitória para o Islão, também foi um triunfo intemporal para cada pessoa que deseja que a paz seja estabelecida no mundo. Foi uma vitória para cada pessoa que deseja que os valores humanos sejam preservados para sempre e foi uma vitória para todas as pessoas que acreditam que a religião é uma força para o bem e para o estabelecimento da paz no mundo», esclarecendo que quaisquer guerras travadas durante a era do Profeta Muhammad ou dos seus quatro Sucessores Bem Guiados eram inteiramente de natureza defensiva e travadas apenas para «Acabar com a crueldade» e para «Estabelecer a paz». No entanto, reconheceu, mais tarde, as guerras travadas durante as eras de certos monarcas muçulmanos foram travadas para expandir reinos e ganhar poder. «Essas guerras travadas para expandir reinos e para aumentar o poder não foram feitas de forma alguma de acordo com os ensinamentos do Islão ensinados pelo Sagrado Al-Corão».

Hadrat Mirza Masroor Ahmad disse que os Muçulmanos Ahmadis acreditam que o fundador da Comunidade Muçulmana Ahmadia, Hadrat Mirza Ghulam Ahmad de Qadian, era o Messias Promeido e Mahdi e que ele tinha vindo «Para acabar com todas as guerras religiosas, para levar a humanidade para o seu Criador e chamar a atenção do mundo para o cumprimento dos direitos de um ao outro» e apelou às pessoas de todas as religiões para trabalharem em conjunto para a criação de uma sociedade justa, baseada no respeito mútuo e tolerância. «Espero e rezo para que todos nós, que somos os representantes de diferentes credos e religiões, e que nos reunimos aqui hoje para demonstrar na prática estes ensinamentos de amor, nos esforcemos para adorar o Deus Único, tratando Sua Criação com a justiça e, cumprindo os seus direitos devidos.

Certamente estes são os ensinamentos originais de todas as religiões. Devemos utilizar todos os nossos recursos e capacidades para promover uma sociedade melhor, para ajudar a Criação de Deus e para espalhar o amor, carinho e paz a todos os níveis. A necessidade urgente e crítica do mundo de hoje é estabelecer a paz e a fé em Deus».

Exortando os  líderes de todas as nações a dar prioridade ao bem-estar social, acima de militarização desnecessária, Hadrat Mirza Masroor Ahmad afirmou: «A necessidade urgente e crítica do mundo de hoje é estabelecer a paz e a fé em Deus. Se o mundo compreender esta realidade, então todos os países, sejam grandes ou pequenos, não irão alocar, em nome de despesas da defesa, milhões e bilhões de dólares para expandir as suas capacidades militares. Em vez disso, irão gastar essa riqueza para alimentar os famintos, para proporcionar educação universal e melhorar os padrões de vida do mundo em desenvolvimento.”

O Califa concluiu reiterando o facto de que Deus é um Deus Vivo que continua a ouvir as orações da humanidade. «A fim de nos proteger e salvar a humanidade, precisamos de nos voltar para Deus Todo-Poderoso e precisamos de nos apegar a Deus vivo, que não abandonou o Profeta Moisés e seu povo e nem Ele abandonou o Profeta Jesus e seus discípulos. Nem os Muçulmanos verdadeiros foram privados de alcançar as bênçãos de Deus e de ver as suas orações aceites».

No início da noite, uma série de líderes religiosos e personalidades subiram ao palco para destacar as suas respetivas crenças. Todos os oradores também aproveitaram a oportunidade para expressar a sua gratidão à Comunidade Muçulmana Ahmadia para organizar tal evento que promoveu o diálogo inter-religioso.

 

Rabino Jackie Tabick, Co-Presidente de Congresso Mundial das Religiões disse: Nós devemos ser solidários com uns aos outros na nossa vida espiritual e ser fiéis aos nossos próprios credos, enquanto compreendendo e valorizando a união entre nós».

Umesh Sharma, Presidente do Conselho Hindu do Reino Unido citou alguns passagens sagradas do Hinduísmo destacando os ensinamentos pacíficos do Profeta Krishna . Ele também disse que Hazrat Mirza Masroor Ahmad «Lidera pelo exemplo» nos seus esforços para desenvolver a paz no mundo.

Dominic Grieve, membro do Parlamento Inglês e do Conselho da Rainha, disse: «O direito de consciência individual é a base de tudo e por isso é essencial que as pessoas sejam livres para praticar as suas religiões sem qualquer forma de coerção. Gostaria também de agradecer a Sua Santidade (Hadrat Mirza Masroor Ahmad) e a Comunidade Muçulmana Ahmadia por sua contribuição espantosa para o Reino Unido».

Geshe Tashi Tsering, leu a mensagem de Dalai Lama, onde se dizia: «Virtudes de amor e altruísmo são a base de todas as religiões e assim o respeito para todas as religiões é essencial. Todas as religiões são um meio de paz interior. Dou meu sincero apoio à Conferência das Religiões Mundiais».

Kwaku Danso-Boafo, Alto Comissário de Gana leu a mensagem do Presidente daquele país que considerou «Esta Conferência será um meio de ajudar a trazer a paz no mundo».

Sheikh Moafaq Tarif, Chefe espiritual da Comunidade Drusa de Israel disse que «Todas as grandes religiões concordam com a Unidade de Deus … Juntemo-nos todos e unamos as mãos contra a violência».

Katrina Lantos-Swett, Vice-Presidente da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional, disse: “Estou sempre inspirada e movida pelo espírito entre os Muçulmanos Ahmadis. A Comunidade Muçulmana Ahmadia é a prova viva de que a religião pode ser um meio de paz».

Lantos-Swett também reconheceu o papel do falecido Sir Chaudhry Zafrullah Khan Sahib em negociar a Declaração das Nações Unidas dos Direitos Humanos e do facto de que ele assinou em nome do Estado do Paquistão.

A Baronesa Berridge, Presidente do Grupo Parlamentar do Reino Unido sobre Liberdade Religiosa Internacional sublinhou o trabalho do Grupo Parlamentar e disse que seu objetivo era «Despertar a consciência dos governos» para estabelecer a liberdade religiosa.

O Arcebispo Kevin McDonald, representando a Igreja Católica Romana, falou sobre o Dia Mundial de Oração pela Paz, organizado pelo falecido Papa João Paulo II em 1986 e disse que «A conferência de hoje é um outro momento da aproximação entre as pessoas de diferentes religiões em paz e justiça.” O Arcebispo também leu a mensagem de apoio do Cardeal Peter Turkson,  Presidente do Conselho Pontifício para Paz e Justiça.

A Baroness Warsi, Ministra Sénior no Ministério dos Negócios Estrangeiros, disseque esta conferência «É uma prova da sinceridade, o pragmatismo e humildade da Comunidade Muçulmana Ahmadia que o seu principal evento celebrou todas as crenças.”

O Rabino Daniel Sperber, representando o Chefe Rabino de Israel dirigiu-se Hadrat Mirza Masroor Ahmad como o Califa do Islão’ e disse: «Os seres humanos no mundo não são seu mestre, mas são os seus guardiões. Voltemos à noção simples da fé e da santidade de Deus».

A Conferência Mundial terminou com a oração silenciosa liderada por Hadrat Mirza Masroor Ahmad que de seguida realizou uma série de reuniões privadas com dignatários e delegações de vários países e liderou as orações do Magreb e Isha no Guildhall.