O prédio dos alegados sequestroA Polícia de Segurança Pública deteve no sábado, no Olival Basto, um homem de 48 anos por suspeita de sequestro de duas jovens mulheres e de prática de atos sexuais sem consentimento. Segundo comunicado divulgado no domingo pelo COMETLIS (Comando Metropolitano de Lisboa da PSP) a detenção deveu-se à alegada prática de «Crime de sequestro e prática de atos sexuais não consentidos» e que o suspeito «Manteve duas mulheres, uma de 23 anos e outra de 24, fechadas num quarto contra a vontade destas desde Janeiro, até que uma das alegadas vítimas conseguiu fugir e alertar as autoridades».

O homem, residente num andar do nº. 43 da praceta Maria Lamas, foi presente a interrogatório judicial, na segunda-feira, 17 de fevereiro, no Tribunal Criminal da Comarca de Loures, saindo em liberdade com termo de identidade e residência.

A equipa de reportagem do Odivelas Notícias esteve no local e falou com alguns vizinhos do acusado que foram unanimes na manifestação de surpresa pelo sucedido. Segundo os testemunhos recolhidos «Esta história está muito mal contada» porque «Nunca ouvimos gritos ou pedidos de socorro e chegámos a ver uma das mulheres vir com ele no carro e outra na varanda a falar ao telemóvel. Se estavam presas porque não usaram o telemóvel para chamar a polícia?».

Morador há três anos naquele prédio o morador é considerado bom vizinho e pessoa educada e simpática pelo que esta notícia apanhou todos de surpresa.

Também o advogado do acusado, citado pela agência Lusa, considerou a história mal contada. «A PSP deve rever a forma como faz os seus comunicados, sem investigação, sem investigar o cadastro das vítimas e a atividade que ambas exercem. A polícia trabalhou muito mal numa situação simples que não justificava tudo isto. Trata-se de um sequestro original, pois uma das vítimas estava na rua e a outra estava em casa à janela e com um telemóvel», disse o advogado, Correia de Almeida, à saída do tribunal, na companhia do arguido.

O advogado disse ainda à Lusa que «Há muitas incoerências no processo e não há indícios da prática do crime, nem no relatório do hospital, nem no relatório do Instituto de Medicina Legal. O Ministério Público e a Polícia Judiciária vão desenvolver uma investigação independente», que informou ir apresentar queixa contra as duas supostas vítimas por denúncia caluniosa, e estar a ponderar interpor uma ação contra o Estado por «Terem sido excedidas as 48 horas previstas na lei para que um arguido seja presente a um juiz de instrução criminal, a fim de ser ouvido em primeiro interrogatório judicial».

Apesar de na casa terem sido encontrados e apreendidos 200 gramas de haxixe Correia de Almeida afirmou que o seu constituinte não está indicado por tráfico de droga, uma vez que o haxixe encontrado servia para consumo próprio.

Fotografia: Henrique Ribeiro