Num país cuja pirâmide etária é completamente invertida e a maioria da população abarca a faixa dos idosos, é imprescindível prestar atenção a este grupo etário. Inclusive porque vivemos numa época em que o “respeito pelos mais velhos” caiu em desuso.
Cada dia aumentam mais os casos de violência contra a pessoa idosa. Este tipo de violência abarca a violência física, psicológica, sexual e económica, bem como a negligência e o abandono. Sim, negar ou descurar os cuidados de saúde e/ou higiene a um idoso é uma forma de negligência. Sim, a privação de uma alimentação correcta e adequada à idade é uma forma de negligência.
O abandono dos idosos quer em lares ou hospitais ou até mesmo no seu domicílio sem qualquer tipo de apoio ou supervisão é uma prática cada vez mais comum. Épocas festivas como o Natal e o Ano Novo servem de mote para deixar idosos “perdidos” em camas de hospital, numa tentativa errónea de atenuar o peso na consciência.
Existe uma tendência para ver a pessoa idosa como alguém antiquado, que exige trabalho, que exige atenção, que repete as mesmas histórias, que se rege por ideias ultrapassadas e não aceita a evolução dos tempos. Mas a verdade é que a pessoa idosa concentra em si a mistura explosiva do conhecimento associado à experiência. Concentra em si uma história de vida com todos os contornos que uma vida pode ter, com todas as fases e etapas, alegrias e tristezas, altos e baixos. Um relato na primeira pessoa sobre a sua história de vida é de uma preciosidade incalculável. Nunca nenhum de nós irá viver aqueles tempos, nem experienciar o que aquelas pessoas experienciaram. Os tempos evoluíram muito em poucos anos. Há alguns anos atrás a TV era algo raro numa casa, as novelas eram transmitidas pela rádio, uma chamada telefónica requeria uma telefonista, andava-se longos percursos a pé, os brinquedos eram simples (quando existiam), a escola não era obrigatória, etc.
A violência contra o idoso é uma forma cobarde de retribuir a dádiva da vida, no caso dos filhos, e de se orientar na vida, no caso de outros indivíduos que muitas vezes se aproveitam a ingenuidade e falta de informação dos idosos.
Alguns sinais como depressão, mutismo, agitação, apatia, medo, tristeza, podem evidenciar a presença de situações de carácter violento.
Somos todos responsáveis uns pelos outros, um dia também seremos idosos, cabe à sociedade em geral cuidar dos nossos idosos através da prevenção da violência e da intervenção nesse tipo de situações.