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Durante seis anos o Projeto Távola Redonda envolveu mais de 300 crianças e jovens em atividades diversas e conquistou vários prémios até que o Programa Escolhas, decidiu retirar o apoio a este projeto. Ricardo Santos, coordenador do projeto e um grupo de pessoas não conformadas com a extinção de um projeto desta qualidade avançaram com a criação da Associação Távola Redonda que visa criar condições para a manutenção das atividades desenvolvidas no projeto.

 Para conhecer melhor a associação o Odivelas Notícias conversou com Ricardo Santos, presidente da Associação Távola Redonda que explicou que «A associação surgiu pela necessidade de dar continuidade ao trabalho que se estava a fazer no projeto que tinha o mesmo nome, que tinha como entidade promotora a Junta de Freguesia de Caneças e parcerias tão importantes como a Escola Secundária de Caneças, a EB 2,3 dos Castanheiros, a Câmara Municipal de Odivelas, a Sociedade Musical Odivelense e a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Caneças, entre outras».

Em finais de 2012 o projeto viu o financiamento ser revogado por parte do Programa Escolhas «Apesar de todos os sucessos que o projeto estava, a ter com cerca de 300 crianças e jovens, e respetivas famílias a serem acompanhadas, de Caneças e arredores, e ter obtido vários  prémios nacionais  e ser reconhecido, a nível europeu como boa prática de empreendedorismo social».

Não se conformando com o fim do projeto que esta decisão do Programa Escolhas implicava, um grupo de pessoas criou a Associação Távola Redonda que neste momento «Está a dinamizar uma das atividades que foi reconhecida nacional e internacionalmente que é a reciclagem de computadores».

Para que a associação pudesse funcionar foi alugada uma loja no Centro Comercial Mirassol em Caneças (ao lado da Vila Pizas) onde é feita a reciclagem de computadores e que ganhou três prémios nacionais e um europeu de Empreendedorismo Social. «Esta atividade basicamente consiste em receber e angariar material informático, que esteja a funcionar, ou não, e a partir daí serem os próprios jovens a recuperar esse material. Com as peças que funcionam montamos novos computadores e instalamos um sistema operativo português e gratuito, uma versão do Linux que se chama Caixa Mágica, que é mais leve que os sistemas operativos usuais e que permite que os computadores tenham uma aparência completamente atual e ao mesmo tempo as funções de computadores mais potentes. Estes computadores são depois vendidos a baixo custo, a partir de 30€ os computadores fixos e a partir de 75€ os computadores portáteis.

A ideia é, com os fundos que forem conseguidos com esta loja, voltar a recuperar as atividades que o projeto Távola Redonda estava a desenvolver, com o  apoio escolar, atividades lúdico-pedagógicas e a equipa de futsal, por exemplo. Estamos também a tentar recuperar, ainda este ano, a reciclagem de bicicletas para a seguir criarmos um clube de BTT e com isso trabalharmos as questões de estilos de vida saudáveis com os jovens». O projeto Távola Redonda tinha cerca 40 atividades que Ricardo Santos e a associação pretendem, de forma progressiva, recuperar.

Na atividade de recuperação e reciclagem de computadores estão envolvidos cinco jovens «Que acabam por influenciar, indirectamente, outros jovens, que estimo em cerca de 50. Os outros cerca de 300 jovens que eram acompanhados pelo projeto continuamos a acompanhá-los e a encaminhá-los. Quase todos os dias somos contactados por um ou outro jovem que precisa de um curso ou de algum tipo de ajuda social e nós vamos dando a resposta possível». Como a associação mantém os laços que o projeto tinha com instituições que ministram cursos de formação profissional é sempre possível encaminhar esses jovens.

Como a associação está sediada no Centro Comercial Mirassol «Temos dado algum apoio a nível do empreendedorismo e criámos a página do centro no Facebook e sempre que um lojista queira colocar algum tipo de informação ou promoção somos nós que dinamizamos a página, dando assim um contributo ao Centro Comercial».

Ricardo Santos tem esperança de com as atividades que possam geral receita poder subsidiar as outras de forma a que não se crie de novo uma situação de dependência de subsídios como aconteceu com o projecto. Por isso a associação tem contactado várias entidades e instituições para pedir material informático que seja abatido para que possa ser criada a própria sustentabilidade dos projetos, «Como se faz um pouco por todo o mundo com empresas sociais, que é um termo ainda não utilizado em Portugal». Fica também aqui o apelo da Associação Távola Redonda às empresas que façam remodelação do seu equipamento informático para que ofereçam o material abatido que será reciclado e convertido em receita para a associação. «Para além da obtenção de receitas esta atividade de reciclagem de computadores permite também à associação prestar um papel social no apoio a outras instituições. Ainda há pouco tempo fomos contactados por uma instituição que precisava de 50 computadores que não podiacomprar e os nossos computadores acabaram por colmatar essa lacuna».

Texto: Henrique Ribeiro

Fotografias: ATR