«O Partido Socialista podia ter escolhido governar com uma maioria de esquerda»

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Três meses de Mandato Municipal vistos pelo BE

«O Partido Socialista podia ter escolhido governar com uma maioria de esquerda»

Concelheira de Odivelas do Bloco de Esquerda

As eleições autárquicas realizaram-se há três meses. Por isso, e porque os tempos que vivemos são de grande exigência para quem governa e para as oposições, é tempo de fazer um balanço do que já se passou e perspectivar o que está para vir:

O novo mandato autárquico começa como terminou o anterior. O Partido Socialista escolheu continuar a coligação com o partido maioritário do governo – o PSD –, deixando claro que não está disposto a assumir uma postura combativa contra a austeridade e a troika. Esta solução não era inevitável.

c – com o Bloco, com a CDU ou com ambos. A escolha da direita como parceiro privilegiado, sendo uma má notícia para os eleitores que depositaram a sua confiança no PS, é coerente com a política que tem sido seguida no concelho: caos urbanístico, ausência de política social, privatização de setores essenciais como a água. A juntar a isto, o executivo do PS e PSD viola constantemente as suas obrigações legais para com os órgãos democráticos, nomeadamente a Assembleia Municipal e o Conselho Municipal da Juventude.

Perante este cenário, o Bloco de Esquerda mantém-se na oposição ao executivo do bloco central. Neste sentido, passados poucos meses, apresentou já mais documentos na Assembleia Municipal do que todos os outros partidos juntos.

Entre estes documentos, está uma proposta para que a Câmara Municipal recuse aplicar as 40 horas semanais exigidas pelo governo e pela troika aos trabalhadores do município. Esta proposta foi inicialmente chumbada com o voto contrário do PSD (o CDS/Coligação Odivelas Merece Mais faltou a todas as sessões da AM, com exceção de duas) e com a abstenção do PS e da CDU. Perante a atitude corajosa que tiveram uma série de autarquias pelo país fora – as quais, independentemente dos partidos no poder, recusaram ser cúmplices deste ataque aos trabalhadores – a Assembleia Municipal acabou por aprovar, à segunda, a proposta do Bloco. É uma vitória importante, que mostra bem a importância de uma esquerda forte. Perante a destruição do país imposta pela troika, resta às autarquias um papel de resistência intransigente na defesa das populações. É neste combate que nos encontraremos, amanhã e no resto do mandato autárquico.