Portugal, este meu país de uma enormidade tal capaz de “desbravar” mares e conquistar o mundo. Este meu país de uma grandiosidade tal capaz de fazer História. Este meu país de uma força tal capaz de se revolucionar sem derramar uma gota de sangue.

Portugal antes do 25 de Abril de 1974 vivia um clima de ditadura, marcado pela censura, pela falta de liberdade de expressão e de eleições livres, suportadas pelo Governo Salazarista e pela força da PIDE. Nessa altura Portugal era um país rico, porém desprovido de liberdade. Muitos foram enclausurados em prisões pela mera desconfiança errónea de conspiração contra o Governo. Mas a força de um povo não pode ser travada quando unida.

As precárias condições de vida e de trabalho da população a par com o descontentamento militar e com a falta de liberdade levaram a que o povo saísse às ruas em tom de revolta e derrubasse o governo sem tiros nem mortes. O código passado na rádio “Grândola Vila Morena” marcava o seu inicio que é colmatado com a colocação de cravos no cano das espingardas. É também chamada a Revolução dos Cravos.

No entanto o que em Portugal se constituiu liberdade, nas colónias ultramarinas tornou-se o pesadelo. Muitos foram os portugueses que tiveram que abandonar a sua vida para regressar a Portugal. A vida dos portugueses emigrados nas colónias era na sua maioria favorável, pelo que muitos constituíram família, compraram casa e tencionavam não mais regressar. Porém quando a independência das colónias se torna realidade e os cinco anos de autodeterminação não são cumpridos, estes mesmos portugueses são obrigados a escolher. Ou abdicam da nacionalidade portuguesa ou regressam ao país de origem. As contrapartidas desta escolha, foram contudo prejudiciais ao chamados “retornados” e aos seus descendentes nascidos nas colónias. A maioria regressou sem os seus bens, o estado só permitiu a entrada de um determinado montante em dinheiro, pelo que os “pés-de-meia” ficaram para trás, alguns vieram sem previsão de estadia, e outros ainda traumatizados pela guerra civil que despoletou entretanto nas colónias.

Comemoremos sim, os 40 anos da Revolução dos Cravos e o quanto foi importante em Portugal mas lembremo-nos com respeito de todos aqueles que viram os seus projetos de vida interrompidos por amor ao seu país, não abdicando da sua nacionalidade. E questionemos onde estão os “revolucionários” de outrora num momento em que Portugal se despe da sua fama.