Realizou-se esta sexta-feira, 19 de setembro, na Casa da Cultura de Caneças, a Conferência Caneças que Futuro? Promovida pela Junta da União das Freguesias de Ramada Caneças e onde foram mostradas as propostas arquitectónicas para o centro da vila de um grupo de alunos da Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada, no âmbito de um trabalho realizado através de um Protocolo entre aquela Universidade e a Câmara Municipal de Odivelas, integrado no projeto RE>URB.

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Na mesa da conferência estiveram os arquitetos e professores responsáveis pelos alunos que realizaram este estudo, Vítor Neves, Miguel Ângelo e Pedro Lemos. Armindo Fernandes, substituto Legal do Presidente da Junta da União das Freguesias da Ramada e Caneças abriu a sessão explicando os objetivos da conferência e o trabalho que iria ser apresentado.

Os três professores e orientadores do estudo explicaram as orientações dadas aos alunos e realçaram os vários aspectos das propostas apresentadas lembrando que «Os projectos apresentados nas imagens seguintes são trabalhos académicos e não pretendem constituírem-se como propostas técnico-profissionais de carácter estruturante. São propostas alternativas que pretendem questionar situações anómalas do existente e ficcionar as ideais. Para efeitos da gestão do território e das áreas edificadas, partiu-se do princípio que na área intervencionada seria constituída uma bolsa de terrenos através da aplicação do regime de Perequação».

Sobre a caracterização do estudo: «Dispersão urbana prevalência de um tecido urbano fragmentado, sem limites definidos, gerando vazios expectantes. Indiferenciação de usos e de imagem. Território misto, de transição entre o rural e o urbano. Património degradação do património paisagístico ligado à água».

O estudo aponta que «Caneças tem potencial para continuar a ser uma área agrícola, sobretudo em áreas especializadas da agricultura/floricultura intensiva com alguma valência tecnológica na área das estufas.

Tem ainda algum potencial na área do Turismo, sobretudo através dos temas relacionados com a ruralidade saloia e com a água. Existe uma possibilidade efectiva de atrair a população urbana da região de Lisboa, sobretudo nos fins de semana, e de desenvolver um tipo de Turismo cultural relacionado com esses temas, desenvolvendo a montante alguma oferta nos capítulos do comércio e da restauração».

Os principais problemas detectados foram: «Fragmentação do tecido urbano; grandes constrangimentos na circulação viária e no estacionamento; inexistência de espaços públicos qualificados e ausência de uma carta de usos, com especial ênfase para a habitação».

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As várias recomendações:

Ordenamento:

«Deverá ser implementado um processo de planeamento urbano sustentável e integrado que tenha em atenção a organização urbanística, privilegiando a consolidação do tecido urbano e o preenchimento de vazios no perímetro urbano: deverá ser definido um perímetro urbano com um horizonte de 10 anos; assim como áreas non-aedificandi com potencial agrícola/florestal ou de espaço público».

Estrutura viária e estacionamento:

«Deverá ser implementado um Plano de Circulação e Estacionamento para a vila que tenha em atenção as necessidades atuais, nomeadamente a resolução dos atravessamentos viários Nascente-Poente e Norte-Sul, a carência de lugares de estacionamento, o deficiente perfil de algumas vias, uma equilibrada estrutura de caminhos pedonais e de transportes públicos; mas também as necessidades a médio/longo prazo decorrentes de uma evolução urbana estimada».

Áreas verdes:

«Deverá ser implementado um projeto integrado de áreas verdes, incluindo a Quinta dos Castanheiros, que determinará um conjunto de áreas de lazer e de espaços públicos associados ao aproveitamento de recursos hídricos. Deverá ser ainda associado a este Projeto, um plano de áreas agrícolas/florestais envolventes que serviam de áreas – tampão ao desenvolvimento urbano descontrolado e que possam ter um impacto positivo no desenvolvimento de atividades económicas sustentáveis ligadas à agricultura e à floricultura».

Turismo, cultura e comércio:

«Deverá ser implementado um estudo que equacione as potencialidades de desenvolvimento de atividades culturais, associadas ao Turismo e ao mundo rural. Nessa perspectiva equaciona-se a validade de um novo espaço cultural e de um mercado de produtos agrícolas, associados a espaços públicos de excelência e ao desenvolvimento de novas áreas comerciais e de restauração».

Habitação:

«Deverá ser repensado o modelo de tipologias para habitação, dando primazia à habitação sénior e à habitação unifamiliar. Neste último caso deverá ser equacionado o desenvolvimento de novas tipologias habitacionais que introduzam o teletrabalho e a possibilidade do desenvolvimento de clusters ligados à utilização de novas tecnologias informáticas e ao desenvolvimento de sistemas eco sustentáveis»

Depois da apresentação teve lugar um animado debate onde os canecenses levantaram várias questões relacionadas com a vila.

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No evento participaram cerca de duas dezenas de pessoas entre as quais o presidente da Junta da União das Freguesias de Ramada e Caneças, Ilídio Ferreira, o seu substituto legal Armindo Fernandes e a vogal Cecília Martins; a secretária da Assembleia da União de Freguesias, Olga Taborda e vários eleitos neste órgão e na Assembleia Municipal de Odivelas, bem como representantes das várias forças vivas da freguesia.

 

O RE>URB

O RE>URB é um projeto da Câmara Municipal de Odivelas «Baseado nas boas políticas autárquicas, aliando a experiência e a prática da autarquia com o conhecimento e inovação das Universidades» e traduz-se numa da parceria da autarquia com sete instituições Ensino Superior e que tem como desafio estratégico o desenvolvimento sustentável do tecido urbano».

Este Projeto municipal «Une as boas políticas autárquicas, associando a experiência e a prática da Câmara Municipal ao conhecimento e inovação que são promovidos pelas universidades».

Os projetos académicos incidiram sobre diversas áreas do concelho como: Colinas do Cruzeiro, Olival Basto, Quinta do Barruncho, Vale do Forno e Caneças, entre outros, sendo que, os trabalhos tiveram acompanhamento e avaliação por parte dos docentes das instituições universitárias, pois foram desenvolvidos no âmbito curricular.