É conhecido nos meios desportivos por Vítor Cacito mas o seu Bilhete de Identidade identifica-o como Vítor Hugo Batista Cacito, nascido a 26 de setembro de 1965, em S. Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa. A menos de um mês de completar os 49 anos e com grandes transformações no complexo desportivo do seu clube, o presidente do Clube Atlético e Cultural da Pontinha foi a figura escolhida para o primeiro Quadro de Honra do Odivelas Noticias, local por onde semanalmente vão passar figuras do concelho de Odivelas que tenham um papel relevante na vida quotidiana da comunidade.

O Homem

Define-se a si próprio como «Um pai que adora os seus filhos e toda a sua família, uma pessoa que dá tudo o que tem, e o que não tem, quando abraça uma causa. Uma pessoa muito solidária» que apoia todas as causas que pode, sendo muita vezes “empregado de mesa” como voluntário, a servir almoços em eventos solidários. É um fervoroso adepto do trabalho voluntário porque considera que «Nós na vida temos de dar mais do que aquilo que recebemos». É essa «A minha filosofia de vida».

O Profissional

Após a conclusão do 12º ano ingressou no curso de Técnico de Edificações e Obras onde concluiu o 3º ano.

Desde muito novo que ligou a sua vida profissional à construção civil, primeiro com o seu pai, que era encarregado geral numa firma pequena e depois foi trabalhar para uma empresa maior.

Mais tarde criou uma empresa à sociedade com o seu pai. Passou ainda por uma fase em que trabalhou como free lancer para alguns consórcios em Portugal e nos Estados Unidos, em grandes obras.

Nos dias de hoje continua na construção civil mas a atravessar as dificuldades de todos os portugueses numa atividade que se encontra quase parada.

A família

Com a sua atividade profissional e as tarefas que a qualidade de presidente de um clube como o CAC impõem os tempos livres são muito poucos e por isso utiliza-os para estar com a família em convívio de grande qualidade onde toca viola e canta com os seus dois filhos, a Carolina, de 14 anos e o André de 24, tendo como espectadora atenta e entusiástica a sua esposa Cristina. «Normalmente são serenatas à minha mulher que merece todo este amor e este carinho depois de sofrer tanto a ausência do marido». Vítor Cacito considera que só o grande apoio da esposa, que compreende e apoia o seu trabalho voluntário, lhe permite dedicar o tempo que dedica ao CAC e às outras atividades de voluntariado. «A minha esposa é como eu, é uma mulher de causas e quando a família abraça uma causa passa a ser uma causa também dela. Quando abraçamos uma causa é até ao limite».

O André acabou de se formar como radiologista. «Foi o melhor aluno do seu curso e foi convidado para ficar no Hospital Beatriz Ângelo». Para além da atividade profissional joga futebol do Club Sportivo de Loures, que milita na II divisão B.

A Carolina «É toda virada para as letras e também gosta de cantar. Ainda agora ganhou a meia-final de um concurso de karaoke estando apurada para a final». No futuro a Carolina quer ser cantora profissional e o pai acha que «Ela tem muito jeito».

O Presidente

Nos últimos cinco anos Vítor Cacito tem sido o presidente da direção do Clube Atlético e Cultural, que tem a particularidade de ser de dois concelhos. Fundado na freguesia da Pontinha, concelho de Odivelas, onde tem a sua sede, o CAC tem o seu complexo desportivo no Bairro Padre Cruz, freguesia de Carnide e concelho de Lisboa.

Foi o futebol e os amigos que o levaram ao CAC. A convite do seu compadre ingressou como jogador na equipa de veteranos. «Experimentei, gostei e fiquei». A sua prática como jogador levou-o a gostar cada vez mais do CAC e  há cinco anos «Quando o Ilídio António não conseguiu arranjar direção» Vítor Cacito decidiu avançar com a sua candidatura a presidente do clube, «Com um projeto que foi aceite pelos associados».

O clube antes de Cacito

Pedimos a Vítor Cacito uma pequena “radiografia” do CAC quando chegou à presidência do clube. Afirmando não gostar de falar do passado «Sou muito mais virado para o futuro», cedeu à nossa insistência e acabou por nos dizer que encontrou «Um clube completamente desorganizado, e com instalações a cair. O campo tinha as bancadas com buracos onde cabia uma mão, as cabines completamente degradadas sem mínimas condições de higiene para atletas e técnicos. O campo nº. 2 tinha buracos no relvado com quatro a seis metros quadrados de diâmetro. A sede nunca tinha sido pintada ou tido ações de manutenção». Esta situação, sublinhou Vítor Cacito implicava efetuar com urgência investimentos avultados e «Opções duríssimas para tomar de imediato».

Para além das deficiências nas instalações também no aspeto organizativo as coisas não corriam bem. «Deparei-me com uma organização total, não havia secretaria, o posto médico era rudimentar, não havia zona digna para os treinadores trocarem de roupa, não tínhamos uma sala de reuniões decente, não havia casa de banho para deficientes e para o público. Não há explicação. Só percebe quem conheceu aquele clube na altura e o conhece agora». Também o campo de ténis estava degradado e foi recuperado pela direção presidida por Vítor Cacito, segundo nos disse.

Desportivamente o CAC tinha, há cinco anos, apenas futebol e ténis, esta última modalidade concessionada ao professor Hélder Isidro «Que tem feito um excelente trabalho».

No futebol de onze existiam equipas em todos os escalões de formação e seniores e veteranos e apenas a equipa de juvenis militava em campeonato nacional. «Quando chegámos essa equipa já quase não tinha jogadores e desceu no final da época».

Vítor Cacito fez ainda questão de lembrar que nesse ano não foi realizado o Torneio Internacional de Futebol Infantil da Pontinha porque um evento dessa natureza é começado a preparar com um ano de antecedência e nada estava feito.

O clube depois de Cacito

Hoje o campo nº 2 tem um relvado novo e cresceu cerca de 600 m2 tendo «Umas condições excelentes para a prática do futebol». Em todas as instalações foram feitas as obras necessárias em termos de saúde pública com a aplicação de azulejos onde tal era necessário bem como caleiras de limpeza. Vítor Cacito disse-nos ainda que foram substituídas todas as caldeiras que estavam a rebentar. «Nem sei como não morreu lá alguém. Foi certamente um milagre», sublinhou. «Foi tudo mudado, foram colocadas canalizações novas, torneiras temporizadas para poupar água e investimos em painéis solares para poupar eletricidade, com redução muito substancial na fatura mensal» informou Vítor Cacito dizendo ainda que «Foi criada uma cabine decente para árbitros e treinadores, porque faz sentido a utilização de semana pelos treinadores e ao fim de semana pelos árbitros. Esta cabine tem condições excecionais e, segundo os árbitros é das melhores de Portugal. Quem tem melhor é o só Benfica e o Sporting». Foi ainda criada uma secretaria, no complexo desportivo, virada para o exterior que permite que as pessoas já não tenham de circular no interior da zona técnica. Foram construídas casas de banho para o público e para as pessoas portadoras de deficiência. A rouparia foi separada em zonas seca e húmida e compradas, novas, todas as máquinas da lavandaria. Para além disso as instalações foram pintadas e arranjadas.

Também o campo de ténis do clube, na Praça Bento de Jesus Caraça, na Pontinha, foi completamente recuperado no pavimento, iluminação e instalações.  Foi ainda construído um minicampo para os atletas aquecerem. Este trabalho deu frutos imediatos com a conquista de vários campeões nacionais.

Sem dinheiro, o clube concorreu a todas as fontes de financiamento possíveis, ou seja a todos os programas do Estado ligados à área desportiva e associativa e às candidaturas anuais, para obras, da Câmara Municipal de Lisboa. «A Câmara de Odivelas nesta situação não deu qualquer subsídio, para além de 20.000 euros para a ampliação do campo nº. 2, que foi uma grande ajuda».

Em termos desportivos o futebol mantem-se e com muito mais equipas de formação, tendo caído a equipa de seniores mas está nos planos de Vítor Cacito e da sua direção o regresso desta equipa em breve. Só em benjamins existem atualmente quatro equipas, mais três de infantis e duas de iniciados, duas de juvenis e uma de juniores. No futebol existe ainda uma equipa de Sub-18 e uma de seniores femininos. «Somos de longe o maior clube em Odivelas e dos maiores de Lisboa em número de atletas e equipas», sublinhou o presidente do CAC.

Com o trabalho realizado a direção de Vítor Cacito colocou todas as equipas nos campeonatos nacionais, (nos escalões onde tais campeonatos existem) situação que se manteve até à época passada, tendo apenas a dos juvenis descido, apenas por um ponto, para a Divisão de Honra na próxima época. Os infantis estão na primeira distrital e não podem subir porque não há nacional.

No futebol feminino «Fomos à fase de campeão em seniores logo no primeiro ano da equipa, já fomos duas vezes representar Portugal à Suécia como a melhor equipa portuguesa de futebol feminino, tendo este ano ido até a final onde perdemos com o Atlético de Madrid, uma equipa profissional». 

Foi também com Vítor Cacito no CAC que se «Criou o projeto de maior sucesso em Portugal no desporto adaptado com a equipa de Goalball. Em 4 anos somos duas vezes campeões nacionais, conquistámos três taças de Portugal e uma super taça. Dos seis elementos que compõem a seleção nacional desta modalidade, três são do Clube Atlético e Cultural».

Também a secção de Karate foi criada já na vigência de Vítor Cacito e já são muitos os campeões nacionais e da europa entre os atletas do CAC. «Até somos campeões de Inglaterra» disse Vítor Cacito que explicou: «A federação Inglesa convidou as federações da Holanda e de Portugal para aumentar o grau competitivo dos campeonatos de Inglaterra. A federação portuguesa convidou o CAC e temos uns 9 campeões ingleses».

Também o andebol foi iniciado no CAC mas o projeto viria a morrer à nascença pior culpa da própria federação da modalidade, segundo nos disse Vítor Cacito. «Deram-nos dois anos para ter dois escalões de formação e nós no segundo ano já estávamos a criar os bambis, inscrevemo-los, aceitaram as inscrições e depois disso disseram-nos que não podíamos participar por não ter escalões de formação». Vítor Cacito defende que «Foi a própria federação a romper o compromisso escrito que tinha connosco».  

Não tem sido fácil manter tantas equipas nos campeonatos nacionais com as despesas inerentes a essa participação e só tem sido possível, sublinhou o presidente do CAC, «Com o inexcedível apoio da Câmara Municipal de Odivelas que assegura o transporte de todas as equipas, apesar do esforço, que reconhecemos, que a autarquia tem de fazer para não nos faltar com esse apoio sem o qual não conseguíamos manter tantas equipas em competições nacionais». Só uma gestão tipo empresarial rigorosa permite toda a atividade do CAC. «O clube não pode ser gerido de forma amadora a partir das seis da tarde. As pessoas para abraçar um projeto destes têm de o fazer de corpo e alma. A gestão efetiva não se compadece com os idealismos dos anos 80».

O futuro imediato

Quando chegou há 17 anos ao Clube Atlético e Cultural, como jogador, já existia o sonho de ampliar o recinto desportivo usando uma área que se encontra atrás da baliza que dá para os blocos do bairro Padre Cruz ficando o campo nº. 1 com as medidas oficiais nacionais que são 100 metros de cumprimento por 64 de largura. O campo atualmente tem 92X53. Esta ampliação significa mandar abaixo as bancadas existentes e reconstrui-las com menor dimensão. Estas obras são necessárias para as equipas do CAC a militar nos campeonatos nacionais possam jogar em casa. «Na próxima época a Federação Portuguesa de Futebol não autoriza que as equipas dos campeonatos nacionais, de qualquer escalão, possam jogar em campos de dimensões menores que os 100X64. Já na época passada na fase final do apuramento de campeão em futebol feminino o CAC teve de ir jogar ao Sacavenense». 

Estas obras estão orçamentadas em cerca de 250 mil euros. A Câmara Municipal de Lisboa garantiu 60% do investimento,  «Que é uma verba muito considerável e uma autarquia tem de ter muita confiança numa direção de um clube para por ao seu dispor tanto dinheiro, que vai ser entregue em duas tranches de 60 e 40%».

Vítor Cacito fez questão de sublinhar que «O CAC todos os anos tem-se candidatado a verbas da Câmara de Lisboa para fazer obras e o dinheiro está todo aplicado e com provas efetuadas».

Descontando o subsídio da CML ainda faltam 40% da verba. Vítor Cacito explicou que existe um compromisso da Associação de Futebol de Lisboa, no âmbito do protocolo que permite que as seleções de Lisboa treinem no complexo desportivo do CAC, na atribuição de 30.000,00 euros para ajuda neste investimento. «Estamos na luta para conseguir a verba que ainda falta. Já fiz o pedido à Câmara Municipal de Odivelas e estou esperançado que o apoio chegará, tendo em conta o que foi concedido, em verbas muito superiores, para os sintéticos do Tenente Valdez e da União Recreativa de Santa Maria».

Como parar é morrer, Vítor Cacito continua com ideias e projetos e faz tenções continuar a gerir os destinos do CAC enquanto os sócios continuarem a dar confiança à sua gestão e votem nas sua reeleição.