Nasceu em Vinhó, na Serra da Estrela, onde fez a 4ª classe. O preparatório e o secundário foram feitos num seminário dirigido por padres Alemães em Gouveia. Fez o noviciado na Alemanha e esteve em várias paróquias do país. Em Caneças esteve 13 anos como pároco tendo sido chamado, em setembro para pároco de Laveiras, em Caxias, concelho de Oeiras. É conhecido por padre António Tavares e é o escolhido para a Homenagem do Quadro de Honra deste mês do Odivelas Notícias.

 

O seu nome completo é António José da Cruz Costa Tavares e nasceu a 21 de agosto de 1961, na Serra da Estrela, em Vinhó, concelho de Gouveia e distrito da Guarda. Os seus avós eram comerciantes e os pais tinham uma tipografia. Foi na sua aldeia natal que fez o ensino primário, a então 4ª classe. Concluída esta fase de ensino, com 10 anos, o pai colocou-lhe três hipóteses: Escola Apostólica de Cristo-Rei, seminário dirigido por padres alemães da Congregação dos Missionários de São João Baptista; o Colégio Diocesano Nuno Alvares e a escola pública.

Apesar de na altura ainda não sentir a vocação que mais tarde comandou a sua vida, António Tavares escolheu o seminário. Ali fez o ensino preparatório e secundário e muitas amizades, que ainda hoje perduram             , com colegas de vários pontos do país. «A minha vocação surgiu praticamente no 5º ano, o atual 9º. Num retiro, na Páscoa, um padre fez-me a pergunta: Não seres ser padre?». Na altura a resposta de António Tavares foi apenas «Talvez» e foi assim que a semente introduzida começou a germinar na cabeça do jovem aluno até chegar à decisão de ser padre. «São os passos que damos e no fundo Deus vai dirigindo».

Aos 17 anos e concluído o 7º ano recebeu a proposta para ir um ano para Alemanha fazer um noviciado que foi aceite por António Tavares. «O noviciado é o primeiro contacto em que se entra no Convento e se fica a conhecer melhor esta congregação que tem a vertente social e a vertente do ensino. Nesse ano não aprendi só as regras espirituais mas também outras questões da vida». No final desse ano de noviciado António Tavares professou os seus primeiros Votos e veio para Lisboa. A sua primeira igreja foi na Estrada da Luz e funcionava numa garagem. «Foi ai que fiz os meus estudos filosóficos e enveredei pela teologia. Quando cheguei ao último ano de teologia a minha congregação propôs-me que fosse de novo para a Alemanha para fazer um estudo de sociologia e me preparar parta aquilo que ia ser a minha tarefa, trabalhar neste campo social». Já como diácono ajudou imigrantes em várias paróquias na Alemanha exercendo tarefas «Que me foram despertando para a vida paroquial».

Quando se ordenou padre e começou o mestrado em Teologia deu-se a queda do Muro de Berlim «E aquilo que tinha sido programado para mim ficou um bocadinho parado. Com a queda do muro e as convulsões geradas eu ainda não estava preparado para ficar à frente de uma comunidade» e por isso regressou a Portugal e foi para a Paróquia de Colares onde estava o seu amigo padre Manuel e ali ficou três anos.

De Colares foi para os Olivais Sul onde esteve perto de seis anos com o padre Hélder, indo depois para a Lourinhã, onde esteve um ano. Seguiu-se a Paróquia de Alfornelos e finalmente a Paróquia de Caneças onde esteve 13 anos, até ao passado mês de setembro.

Em 2003, quando chegou à Paróquia de S. Pedro encontrou uma Caneças «Ainda com um ar muito típico de aldeia e sobretudo muito bairrista e muito interessante. Mas, ao mesmo tempo comecei a aperceber-me que era uma Caneças muito espartilhada. Depois à medida que as acessibilidades se foram desenvolvendo assistiu-se também a um grande desenvolvimento local e crescimento populacional. De uma fase inicial com população envelhecida começaram a surgir casais e gente mais jovem. Os meus primeiros anos resumiram-se um bocadinho à parte central de Caneças e a manter aquilo que era a tradição, as festas, as missas e pouco mais». 

Foi com o padre António Tavares que o Grupo Sócio Caritativo da Paróquia de S. Pedro se organiza e cresce, fazendo parceiras com o Banco Alimentar Contra a Fome. «Existia um grupo de voluntários que fazia recolhas ao fim da missa mas eu achava que era pouco e tivemos que avançar mais um bocadinho e começamos com a roupa, os alimento e os medicamentos. Não era apenas caritativo mas sócio caritativo. Na altura tive muita sorte porque as pessoas aderiram».

Também a nível dos jovens e da catequese as coisas cresceram. «Os mais vieram atrás das crianças e ficaram e foi ai que comecei a desenvolver os vários grupos». Tudo isso foi muito bom e constituiu também um grande apoio para o padre António Tavares no trabalho da Paróquia e permitiu começar «A desenvolver novos projetos, como o da nova Igreja, uma solução para as Capelas Mortuárias, novos espaços para os escuteiros, para os jovens, para uma série de coisas que estavam a acontecer, e a catequese também aos poucos e poucos começou a engrossar cada vez mais. Quando cheguei tinha cerca de 100 crianças e quando sai tinha perto de 400».

Mas o crescimento também criou outros problemas como a falta de espaços para desenvolver as várias atividades. «Houve situações em tínhamos três reuniões marcadas ou três coisas a acontecer e não tínhamos espaços». O padre António Tavares cumpriu o pedido e saiu de Caneças para Laveiras mas partiu com pena de não ver a nova Igreja e o Centro Comunitário e Paroquial construídos. «Tive muita pena. Era uma das obras que eu queria ver nascer e acompanhar, mas a coisa está bem estruturada e vai avançar. Aquele equipamento não é só importante para a paróquia mas é também para toda a comunidade com as respostas sociais que integra».