Erroneamente existe a tendência para assumir a violência doméstica como todo tipo de agressões físicas existentes entre um homem e uma mulher que vivem em situação de conjugalidade.

Mas violência doméstica envolve bem mais do que a violência física. Os constantes insultos, ameaças e humilhações, que a vítima tende a desvalorizar fazem parte da violência psicológica, e conduzem ao desgaste da  sua auto-estima. Também as relações sexuais não consentidas são incluídas na violência doméstica, muito embora haja ainda a ideia errónea de que quando casados, é dever da mulher satisfazer o marido, mesmo contra a sua vontade.

A isto chama-se violência sexual.

Todas estas formas de violência quer ocorram simultaneamente ou em separado fazem parte da violência doméstica. Esta aplica-se não só a casais, mas também a indivíduos que partilhem o mesmo tecto, podendo ser perpetrada entre os vários membros da família.

A violência doméstica é um flagelo existente na nossa sociedade desde sempre, tendo ganho maior visibilidade nos anos 80. O contributo das manifestações feministas para a emancipação da mulher e a sua libertação da sociedade patriarcal em que ainda vivemos conduziu a que este tipo de violência se tornasse crime público, passível de ser denunciado por qualquer pessoa.

As leis actuais que protegem a vitima de violência doméstica ainda necessitam de ser trabalhadas, por forma a minimizar a vulnerabilidade destas. Na maioria dos casos, é a vítima de violência quem tem que abandonar a sua casa, carro, emprego e familiares para se proteger do perigo que a circunda. É a vítima quem tem que começar do zero uma vida nova, longe do seu suporte familiar, muitas vezes com filhos a cargo, isentos de culpa da relação violenta entre os pais.

As medidas de coação do agressor são insignificantes quando comparadas com o que a vítima encara ao refazer o seu projecto de vida. Ser vítima de violência acarreta um jogo emocional em que a fragilidade, o medo, a insegurança, a submissão precisam ser substituídas pela coragem e determinação. Actualmente existem diversas opções de auxílio às vítimas.

Muitas vezes o destino destas passa por abandonar a relação e reorganizar a sua vida com auxílio de familiares, instituições ou casas de abrigo. Ou pela submissão e violência eterna. Ou ainda, no pior dos casos, pelo homicídio conjugal.

A violência doméstica tem repercussões maiores do que aparenta, envolve o risco de vida da vítima e das crianças existentes, detendo total influência no carácter que terão em idade adulta.

De destacar ainda que esta violência não é algo que afecta apenas as mulheres, embora sejam a maioria. Muitos homens começam agora a denunciar essas situações.