No momento em que escrevo esta crónica um luminoso raio de sol entra pela minha janela e abraça-me calorosamente. Que bom… Já estava farto dos dias frios e cinzentos e desejo sinceramente que este sol não seja de pouca dura e que amanhã não volte a humidade que me entra nos ossos e se cola às paredes. Portanto, escrevo com um calorzinho no coração e isso dá sempre bom resultado.

 

No sábado foi dado o nome do fundador do movimento escutista internacional, Baden Powell a uma rotunda da cidade de Odivelas. Eh pá já chegava colocar rotundas em tudo quanto é sítio como agora pegou a mania de as considerar como fazendo parte da toponímia das localidades. Quanto ao nome claro que foi muito bem-posto. Aqueles que se destacaram na sua passagem por este mundo e que deixam legado a ser seguido têm de ver a sua mensagem perpetuada. Mas já não gostei da modernice efectuada na placa que reza que Baden Powell foi o «Fundador do Movimento Esco/utista». Meus senhores… Escutismo foi sempre escutismo e só porque alguém teve medo de ser confundido e passou a designar-se por escotista não quer dizer que tenha de se designar o senhor como fundador do Esco/utismo. Realmente há coisas que não lembram ao diabo, mas lembram aos iluminados do reino das marmeladas às cores.

1Se calhar para não dar nas vistas colocaram um saco preto em cima da placa para que não se visse o nome da rotunda antes do descerramento. Mas… Gato escondido com rabo de fora as placas metálicas da sinalização vertical já mostravam o nome da Rotunda. Portuguesices…

 

Há ouvi várias vezes a frase «Que se lixem os protocolos». Possivelmente o Dr. Nuno Gaudêncio, presidente da Junta de Freguesia de Odivelas também pensou assim ao ser o primeiro a botar discurso na cerimónia de descerramento da placa. Normalmente o VIP maior fala no fim e ali, o VIP maior talvez fosse o senhor presidente da junta. Ou não?

 

Quanto aos discursos achei um piadão ao critério de quem botou palavra. O senhor presidente da junta? Claro que sim. Os chefes dos agrupamentos de escutas e de escoteiros? Claro que sim? O senhor assessor da senhora vereadora? Claro que não. Mas como Odivelas é terra de oportunidades o homem teve direito a falar mas melhor seria se não tivesse aberto a boca. Começou por dizer, e repetir, que queria salutar a importância da coisa… Salutar, senhor assessor? No meu velhinho dicionário a definição para a palavra é: «Útil e favorável para preservar a saúde, a vida: remédio salutar. Que amplia ou restaura as forças; fortificante». Como sou um tipo porreirasso dou-me ao trabalho de explicar aos leitores que o senhor competente assessor quereria dizer salientar que pelo meu dicionário significa «Fazer ficar saliente; tornar ou tornar-se relevante; colocar em evidência; destacar: salientar a relevância».

 

Outra coisa que baralhou o Zé foi o facto de o senhor assessor da vereadora ter botado discurso, se calhar porque a representaria, e o senhor assessor da senhora presidenta da câmara, João Azeitona, que também estava presente e foi anunciado como em representação da doutora presidenta, não ter tido direito a dizer nadinha. É pá expliquem ao Zé estes critérios, protocolos ou preceitos para ver se eu percebo alguma coisa.

 

Mas inda há outra coisa que o Zé não percebeu. Se foi no início de 2013 que a Assembleia de Freguesia aprovou o nome da Rotunda, depois de o executivo da junta já o ter feito, porque demorou um ano e foi preciso mudar de executivo para concretizar a aprovação? Gostava de perceber os políticos e principalmente os senhores presidentes de junta mas acho que nunca vou perceber. Que querem, nasci do povo e do povo morrerei. Pois…

 

No sábado agarrei na minha Etelvina, fui buscar o meu Juquinha e rumei a Odivelas. Na sala da Sociedade Musical Odivelense onde vi tantas peças e assisti a tantos concertos, era reposta em cena a peça A Philarmónica, com texto e encenação de Paula Nunes. Sempre admirei aqueles que se entregam a causas e levam a cultura aos outros de forma graciosa e desinteressada, mesmo que nem sempre tenham vocação ou jeito para a coisa. Mas sem dúvida que a senhora dona Paula Nunes, que não conhecia, nasceu mesmo para o teatro. Sei que em tempos da sua vida chegou a ser profissional dos palcos e que a vida lhe trocou as voltas mas acho que foi pena, muita pena e que todos perdemos. Com cada canastrão a fazer figura no mundo do espetáculo dá mágoa ver pessoas com aquela qualidade arredadas dos palcos profissionais. Claro que nem todos os que pisaram o palco nessa noite eram muito bons. Um ou outro seriam bons e outros satisfaz + ou até menos. Medíocre não vi nenhum, mas houve alguns bonecos muito bem conseguidos como o atrasado Matias magistralmente criado por Paula Nunes que sem dúvida foi o mais bem conseguido.

Parabéns dona Paula e todos os elementos do grupo. Contra a ignorância Teatrar, Teatrar…

 

Há uns tempos uma funcionária superior do Município de Odivelas saiu do serviço que chefiava e dizia-se que ia para o Brasil com licença sem vencimento. Até no inevitável Facebook se viram postes sobre o assunto. Agora fui à junta da Pontinha tratar de um assunto de uma amiga e vi a senhora lá, atrás de uma secretária. Será que é funcionária da junta?

 

E como o sol me está a desafiar, vou parar de escrever, vestir o fato de treino, calçar as sapatilhas, pegar na trela da Carriça e levá-la a passear. Então e os gambuzinos? perguntarão vossemecês. Esses não perdem por esperar claro. Então adeusinho… Volto para a semana, ou não!

 

Gambuzino ao saco… Gambuzino ao saco…