Depois de 10 anos de lutas, sonhos e projetos finalmente O Telhadinho foi inaugurado no dia 22 de abril, em Famões, ocupando terrenos municipais cedidos em direito de superfície pela Câmara Municipal de Odivelas e comparticipação do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) e da CMO. Á instituição detentora do equipamento, a CEDEMA – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos cabem encargos na ordem dos 750 mil euros.

No ato inaugural estiveram presentes Maria Cavaco Silva, madrinha da CEDEMA; Fernanda Fitas, diretora de Segurança Social do Centro Distrital de Lisboa; Susana Amador, presidente da Câmara Municipal de Odivelas e vários membros do seu executivo; Corália Rodrigues, presidente da Junta da União das Freguesias da Pontinha e Famões, Manuel Varges, presidente da CMO na altura em que o terreno foi cedido e representantes de várias instituições e empresas que têm apoiado a CEDEMA.
Maria Cavaco Silva e Susana Amador, acompanhadas por Maria Antónia Machado, presidente da CEDEMA, descerram duas placas que assinalam o evento tendo-se seguido uma visita guiada às instalações.
Após uma atuação dos Cabeças na Lua grupo de utentes de O Telhadinho, e de alunos do Conservatório de Música D. Dinis, teve lugar o período de intervenções onde usaram da palavra Maria Cavaco Silva, Susana Amador e Maria Antónia Machado. A pedido de Maria António Machado, a presidente da Câmara de Odivelas leu um poema do livro de António Maria Machado que vai ser lançado em breve.

Respondemos apenas a 10% das solicitações que a CEDEMA tinha

Maria Antónia Machado iniciou a sua intervenção agradecendo a todos os que ao longo dos anos colaboram com a CEDEMA para tornar possível a concretização deste sonho de há muitos anos. Apesar de ser inaugurado oficialmente a 22 de abril a valência de lar já funcionava há cerca de dois meses «Porque havia situações urgentes com pessoas a necessitar de alojamento e acompanhamento e porque, dentro do espirito da CEDEMA, não fazia sentido inaugurar só paredes».
A presidente da instituição sublinhou que «Hoje temos utentes felizes, criámos emprego, respondemos a situações dramáticas, temos trabalhadores felizes, em suma, estamos todos muito felizes».
Longe vão os dias em que em 1994 foi inaugurado o primeiro lar da instituição no bairro das Pedralvas em parceria com a APPCDM de Lisboa, «Fruto de incansáveis diligências de alguns pais junto da Câmara Municipal de Lisboa para conseguir a doação de um terreno. Desde então abrimos o nosso Centro de Atividades Ocupacionais e uma pequena unidade lar, Ameixoeira, adquirimos viaturas e começámos este projeto. Não o fizemos sozinhos, fizemo-lo com todos vós».
A oradora sublinhou que «Graças à cedência do terreno pela Câmara Municipal de Odivelas, ao magnifico projeto da arquitecta Ana Nascimento, ao co-financiamento do PARES e aos funcionamento do Montepio, ao trabalho dos nossos engenheiros que geriram e fiscalizaram a obra e ao nosso construtor, finalmente após dez anos de luta, que foi o tempo que demorou, desde que assinámos o protocolo de cedência do terreno, e de inúmeras vicissitudes, estamos a celebrar a inauguração do nosso Telhadinho».
Maria Antónia Machado referiu que «Até há menos de uma semana não tínhamos jardim nem terreno tratado. Hoje já temos o terreno mais ou menos tratado e o jardim começado. Não tínhamos dinheiro para isso mas graças à ajuda da Junta da União das Freguesias da pontinha e Famões o jardim começou a nascer».
A presidente da CEDEMA deixou um apelo para que «A Segurança Social olhe para nós, para aquilo que fazemos e queremos fazer, com olhos de querer ajudar a construir este projeto e a melhorar a vida das pessoas que aqui estão. Infelizmente só conseguimos responder a 10% da nossa lista de espera. Tinhamos mais de trezentas pessoas em lista de espera e só vamos poder ter aqui trinta e quatro, sendo vinte e quatro em residência definitiva e dez em residências autónomas». Maria Antónia espera quem breve possa entrar em funcionamento naquelas instalações o Centro de Atividades Ocupacionais que irá acolher mais 30 utentes. «Não faz sentido um equipamento destes sem proporcionar a reabilitação, o atendimento e os cuidados necessários aos que cá habitam. Não faz sentido termos gente a olhar para as paredes o dia inteiro».

Aqui foi construída uma história de amor e de afeto

Susana Amador, presidente da Câmara Municipal de Odivelas iniciou a sua intervenção considerando que «Esta casa que estamos a inaugurar é uma história de amor e de sonho coletivo. Aqui foi construída uma história de amor e de afeto onde vão estar pessoas especiais, pessoas felizes, porque não lhes vão faltar os laços da ternura e do excelente profissionalismo».
A edil sublinhou a importância de «Planearmos, sonharmos e depois concretizarmos» e referiu que a inauguração de O Telhadinho surge num mês especial, o mês em que se assinala o 40º aniversário do 25 de Abril de 1974.

É preciso que não fiquemos sentados…

Maria Cavaco Silva, madrinha da CEDEMA, sublinhou a importância do trabalho coletivo para a concretização dos sonho e que «É preciso que não fiquemos sentados, é preciso levantarmo-nos todos, darmos as mãos e, provavelmente, muitos daqui terão mesmo posto as mãos na massa, na argamassa e nas telhas. Ficar sentado a dizer mal é muito fácil mas isso não leva a lado nenhum».

O Telhadinho

Segundo informação da CEDEMA O Telhadinho «É um projecto polivalente que inclui um lar, duas residências autónomas e um centro de dia, que garantem uma solução de presente e de futuro. Foi pensado para dar resposta não só à necessidade de alojamento e ocupação das pessoas portadoras de deficiência mental, mas também para garantir que estas possam interagir com o mundo exterior, através do contacto com a população local. A criação de oportunidades de emprego, que contempla a existência de vagas para pessoas com necessidades especiais, não só diminui o desemprego como melhora as condições de vida das famílias locais. Não só o lar mas também as residências autónomas são uma resposta concreta à ansiedade de pais numa faixa etária avançada com medo de morrerem e deixarem os filhos entregues a desconhecidos ou sós.
Ao ser criado um Centro de Dia, a CEDEMA assegura o seu papel activo no impedimento da exclusão e isolamento dos idosos. Outro dos objectivos deste projecto consiste em investigar os benefícios cognitivos e comportamentais nas pessoas com deficiência que partilhem o mesmo espaço com o seu ascendente em comparação com os que estão separados ou em casa sem apoios especiais.
O projecto “Lar do Telhadinho” proporciona actividades de reabilitação e lazer monitorizadas por uma equipa técnica multidisciplinar e pretende cimentar um ambiente de inclusão através de actividades desportivas, culturais e artísticas no seio das comunidades. O projecto concede ainda a reabilitação ou formação aos jovens provenientes de zonas geograficamente mais afastadas da Grande Lisboa que necessitam de alojamento durante a semana, beneficiando simultaneamente do treino de vida autónoma».

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