Uma empresa de referência no sector da impressão de jornais

Nasceu no Funchal em 1989 e um ano depois mudou-se para o continente, para novas instalações em Pêro Pinheiro, no concelho de Sintra, onde ai hoje se encontra, ocupando cerca de 10.000 mts de área coberta com os melhores equipamentos na área da impressão de jornais. Chama-se Empresa Gráfica Funchalense (EGF)e foi a gráfica escolhida para parceira do Odivelas Notícias, imprimindo semanalmente o nosso jornal.

Neste 1º aniversário do Odivelas Notícias quisemos conhecer melhor a EGF e quem a dirige e fizemos algumas perguntas a Hernâni Almeida, administrador da empresa.
Licenciado em Gestão de Empresas, fez quase todo o seu percurso profissional na área da impressão e transformação de papel. Primeiro, na histórica Papelaria Fernandes e depois na Copinaque. Seguiu-se uma breve incursão na área da distribuição no grupo Sonae. Em 1995 começou a sua ligação ao mundo dos jornais. A cidade do Porto foi o local escolhido para iniciar e gerir a Unipress, durante 5 anos. Em 1999, aceitou um novo desafio e regressou a Lisboa para fazer o que é hoje a Funchalense.

Odivelas Notícias: O aparecimento de vários órgãos de informação em formato digital e as próprias edições Online dos grandes jornais nacionais vão por em perigo as edições impressas e consequentemente as empresas gráficas?

Hernâni Almeida: Esse é um debate antigo. A evidência revela que ano após ano as vendas de jornais, um pouco em todo o mundo, têm caído. Porém também é verdade que o mercado dos gratuitos tem crescido. Além disso estão a nascer na Europa projetos de comunicação social que começando no digital estão a fazer o caminho do jornal impresso. Presumo que esta luta vai manter-se, reagindo, tal como até agora tem acontecido, a industria gráfica às tendências do mercado. É um debate onde ninguém deve ficar de fora e onde todos os agentes que interferem na cadeia de valor da produção de notícias são chamados a participar.

ON: O facto de muitos jornais atravessarem dificuldades financeiras levou a que a EGF tivesse uma percentagem maior de crédito mal parado que obrigue a medidas drásticas por parte da empresa?

HA: Temos tido desde sempre uma política de grande responsabilidade na concessão de crédito e de muita proximidade aos nossos clientes o que permite evitar situações de descontrolo. Felizmente não temos tido necessidade de alterar o que é o “standard” da empresa no que aos pagamentos dos clientes diz respeito. Os clientes sabem que estamos cá também para ajudar a ultrapassar situações menos favoráveis. Porém não somos um banco!

ON: A proliferação de Parques Gráficos de grande capacidade e algumas opções erradas de crescimento levou já ao encerramento de grandes empresas com historial no ramo gráfico? A EGF nos últimos tempos tem conquistado clientes nos grandes jornais nacionais, essa postura assegura um bom futuro à empresa?

HA: De facto assim é mas não devo comentar os erros que outros cometeram e nalguns casos continuam a cometer. A Funchalense é uma empresa sólida, que tem conseguido honrar todos os compromissos com os seus fornecedores, trabalhadores e clientes. Além disso, pese embora não o estejamos a fazer como seria desejável, temos ainda conseguido fazer alguns pequenos investimentos no nosso parque de máquinas, nas instalações e nos nossos trabalhadores. Temos porém ainda muito para fazer. Olhamos para o futuro com alguma tranquilidade em face do que temos conseguido atingir até agora, reconhecendo que existe alguma instabilidade no setor, mas apesar disso temos conseguido aumentar o número de títulos que estamos a imprimir. Como diz o povo «Só tem futuro, quem tem passado».

ON: Enquanto gestor de uma grande empresa como a EGF que preocupações tem face ao futuro da economia portuguesa?
HA: Olho com muita preocupação para o actual momento da economia portuguesa. Os portugueses são trabalhadores reconhecidos no mundo inteiro mas quando estamos em casa, falta-nos muita organização, disciplina e sentido de responsabilidade. Precisamos mudar muito do que somos e fazemos hoje. Somos pouco produtivos (e não estou a falar de quantidade) e temos lacunas em muitos sectores de atividade. No entanto todos os dias vamos tendo boas surpresas em que conhecemos portugueses que inovam, inventam, criam, e dão sinais de que podemos conseguir dar a volta à situação. Todos nos devemos sentir convocados para melhorar a situação atual.

ON: A EGF já sentiu necessidade de procurar novos mercados fora do país? Teria capacidade concorrencial noutros países europeus?
HA: A esmagadora maioria dos nossos clientes encontra-se em Portugal. Apesar disso alguns deles fazem a exportação do trabalho produzido aqui na Funchalense. Temos também trabalho nosso enviado para África regularmente. Portugal tem um excelente parque gráfico e dispomos de excepcionais trabalhadores no sector. No entanto é conhecido que o regime fiscal existente em Portugal não é muito favorável o que limita também a atividade exportadora. O financiamento também pode ser uma limitação, pois são conhecidas as dificuldades das empresas em se financiarem junto da banca nacional em face da atual situação do país. Estamos a estudar as oportunidades existentes no setor.

ON:O Euro deveria continuar a ser a nossa moeda?
HA: Penso que não temos uma alternativa razoável, apesar das restrições que temos na gestão das nossas finanças públicas. Sair seria catastrófico!

ON: É sustentável o futuro do país no quadro da união europeia?
HA: Encontramo-nos numa das zonas do mundo onde o PIB per capita é dos mais elevados, onde os índices de bem-estar e desenvolvimento social são relevantes, onde existe respeito pelos direitos de cidadãos. Onde acha que poderíamos ter melhor enquadramento? É preciso ter cuidado com os discursos que por vezes nascem em momentos de crise como aquele que vivemos atualmente. Portugal é um país europeu e é no quadro da União Europeia que devemos reconstruir, consolidar e desenvolver o nosso país.